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Mudanças climáticas

Por Nelson Menda

Será que as mudanças climáticas que estão ocorrendo no planeta podem ser atribuídas exclusivamente ao efeito estufa? Aqui na Flórida, onde moro, ocorreram inundações há poucas semanas que deixaram seus moradores, especialmente na parte norte do estado, praticamente ilhados, sem poder entrar ou sair de suas casas.

Essa situação não é nova, pois o fenômeno teve início há alguns meses e, pelo jeito, veio para ficar. Na parte sul do estado, onde a subida do nível do mar já começou há mais tempo, tem sido realizado um trabalho progressivo de elevação de ruas e passeios públicos, criando situações bastante estranhas para seus moradores e visitantes, que convivem com calçadas em diferentes alturas em uma mesma via pública.

Quando essa elevação do nível do mar ocorre de forma lenta e gradual, possibilita às autoridades e aos próprios moradores ir se adaptando, pouco a pouco, às modificações. Todavia, em alguns estados, como a Califórnia, essas alterações aconteceram de um dia para o outro. O litoral desse estado, em algumas regiões, é constituído por falésias e muitas famílias abastadas tinham erguido suas casas e condomínios na parte mais baixa, próximo ao mar, para usufruir da vista e da aparente vantagem de residir perto da água. Muitos desses prédios e residências estão sendo solapados pela fúria das ondas, ameaçando os moradores e reduzindo seu valor comercial.

Por estranho que possa parecer, grupos de pessoas que residem em áreas mais seguras da Califórnia chegam a participar de excursões para assistir, em segurança, do alto das falésias, as ressacas marinhas e seus efeitos devastadores sobre as propriedades do litoral. Chega a lembrar aquele ditado brasileiro a respeito da pimenta no traseiro dos outros.

É possível conhecer, com exatidão, o risco de inundação em cada região dos Estados Unidos. Basta consultar a tabela de uma entidade chamada FEMA, que permite identificar o fenômeno em praticamente todo o país. Esse risco maior ou menor acaba afetando a própria valorização ou desvalorização de uma propriedade. Paradoxalmente, as regiões mais elevadas, ou seja, com menor risco de inundação, eram destinadas às camadas mais humildes da população. Esse fato está provocando, pouco a pouco, uma inversão nos valores dos imóveis, para mais ou para menos.

Vou mencionar um exemplo concreto. Uma de minhas filhas reside em um simpático condomínio erguido no entorno de um lago cercado por um bosque de casuarinas nas proximidades de Miami. Estava planejando se mudar para um apartamento à beira-mar, mas mudou de idéia quando tomou conhecimento do risco zero de inundações na área em que mora.

Quanto a mim, estou residindo na orla atlântica da Flórida, a chamada Space Coast, próximo ao Cabo Canaveral, também denominado Cabo Kennedy. A faixa litorânea é protegida por um cinturão de pequenas dunas sobre as quais foram plantadas espécies vegetais destinadas protegê-las. É expressamente proibido remover essas dunas e, para se chegar à beira da praia, é preciso utilizar acessos elevados de madeira, para evitar que o trânsito de pedestres sobre as mesmas possa danificá-las.

Da varanda do meu apartamento é possível vislumbrar, à distância, diversas rampas para o lançamento de foguetes, tanto da NASA, a agência espacial do governo norte-americano, quanto dos bilionários Jeff Bezos e Elon Musk. É comum assistir à ascensão de um desses foguetes, geralmente à noite. Comenta-se, inclusive, que a empresa de Bezos tenciona transportar e montar, na lua, uma estação permanente, habitada por terráqueos. Para não ficar atrás, Elon Musk decidiu enviar foguetes para Marte, o chamado planeta vermelho. Na realidade, está ocorrendo uma verdadeira corrida pela conquista do espaço.

Por falar na colonização da lua, satélite natural do nosso planeta, que exerce influência sobre as marés e o astral de muita gente, já se sabe quando deverá ocorrer. É para já, amigos leitores, no máximo dentro de dois ou três anos. Isso me faz lembrar de um pequeno avião, em Porto Alegre, que nos idos do século passado fazia piruetas no ar e escrevia, no firmamento, o nome de um popular detergente. Muita gente ficou assustada, imaginando que já eram os sinais dos tempos, o propalado fim do mundo. Felizmente, não eram, pois não só sobrevivemos como continuamos a testemunhar, a cada dia, novas conquistas positivas da ciência, ao lado de inacreditáveis baixarias políticas. Seria tão bom se pudéssemos optar somente pelos fatos positivos da atualidade, mas não custa nada sonhar com uma realidade mais cor de rosa.

Foto: Lt. Cmdr. Brian Riley, U.S. Navy. Picryl

One thought on “Mudanças climáticas

  • Angela Neves

    Olá, Nelson!
    Isso que vocês estão vendo agora, já estamos vendo no Brasil há muitos e muitos anos. Em algumas praias do sul da Bahia, casas lindas de veraneio já desapareceram há anos. A natureza se modifica, assim como nós, seres humanos. E, pouco a pouco, nos vamos nos acostumando com as “novidades”. 🙂

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