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A situação no 112º dia da guerra Espadas de Ferro

Por David S. Moran

Já estamos no 112º dia da guerra iniciada em 7/10. Os combates agora estão centrados na área da cidade de Khan Younes, no sul de Gaza. Lá os combates são intensos pois é o último reduto da Hamas.

A cidade de Khan Younes é a cidade natal de Yahia Sinwar e do Mohammed Deif. Com os combates, continuam as destruições. O Hamas não se importa com o sofrimento da população que ali vive, enquanto Israel faz de tudo para não atingir civis. Esta parte da frase pode parecer para muitos um engano, mas não é. “Limpar” Gaza dos terroristas poderia ser feito bombardeando as áreas com terroristas, aliás, como se faz em todas as guerras. Mas Israel, tentando preservar a população civil não o faz. O preço desta ação é a perda de soldados das Forças de Defesa de Israel.

As negociações entre as partes, que são indiretas, pois o Hamas não reconhece o direito de existência do Estado de Israel, estão quase paralisadas. Sinwar que conhece bem Israel e os israelenses do tempo em que esteve na prisão, sabe que há muita pressão sobre Israel. Há tensão entre a liderança da Hamas, no Catar e Sinwar. Ele não conversa com Ismail Haniyeh há mais de um mês. Segundo o Wall Street Journal, esta desconexão dificulta a chegada a um acordo sobre os reféns. O jornal alega que Haniyeh está disposto a desmilitarizar a Faixa de Gaza e que o Hamas entre para a Autoridade Palestina. Isto deixou Sinwar furioso, mas este acredita que nem tudo está perdido. Sinwar está disposto a sacrificar mais milhares de gazeneses, não lhe importa a população de Gaza. Apesar dele ter muitas baixas e destruição, sair vivo dos túneis e não ser deportado de Gaza, para ele é vitória.

Em Israel, os familiares dos sequestrados e muitos simpatizantes fazem manifestações, em frente à residência do primeiro-ministro, em Cesarea e em frente ao Quartel General das FDI, em Tel Aviv. Agora, estão barrando a entrada, de Israel para a Faixa de Gaza, de caminhões com mantimentos e combustível e demais necessidades. Com razão. O Hamas com o Catar se comprometeram a mandar sinais de que os reféns receberam remédios que necessitam e aí Israel permitiu a entrada de toneladas de remédios aos hospitais locais. Passados os dias ainda não há nenhuma prova que os reféns receberam seus remédios.

Em um encontro, nesta semana, entre Netanyahu e parentes dos reféns, parte de sua conversa foi vazada ao Canal 12. Nesta ouve-se Netanyahu queixar-se do intermediário, que é o Catar, que “poderia fazer muito mais. Por isso eu não os agradeço”. Expressou sua frustração com os EUA que poderia pressionar mais o Catar mas não a faz. Completou: “O Catar não é diferente da ONU, a Cruz Vermelha e de certo modo, até mais problemático”.

Estas são verdades e até agora Israel escondia a verdade. Imagine que seu pai, avô, filho, irmão estão há 112 dias sem ver a luz do dia, num túnel imundo, com pouca ração, nenhum tratamento médico e psicológico, abusado e mal tratado e nenhuma iniciativa avança na soltura deles.

O porta voz do ministério do Exterior do Catar, Majed Al Ansari, referindo-se ao áudio condenou violentamente essas declarações. Acusou Netanyahu de bloquear e desestabilizar o processo de intermediação, por razões que pelo visto servem sua carreira política, no lugar de preferir salvar reféns e adicionou: “isto não surpreende”. Grave acusação de alto posto do governo do Catar.

Para sair vitorioso, Israel tem que libertar os 136 reféns (os que ainda estão vivos) e acabar com a ala militar do Hamas. Estando sob pressão, Israel está perdendo a opinião pública (ignorante) de países ocidentais. Escrevo ignorantes, porque os jovens da geração do Tik Tok, X, etc. não conhecem os fatos e não se aprofundam neles. Quando em Londres ou Bruxelas os jovens cantam “libertem a Palestina do Rio ao Mar”, são perguntados que rio e qual o mar e não sabem dar respostas. “São palestinos festivos”. Certos países europeus querem eliminar Israel da competição da canção Eurovisão. A dita amiga de Israel, a Rússia do Putin, agora se voltou e se alinhou ao Irã, até o ponto da porta voz do ministério russo, Maria Zakharova dizer que “o Holocausto não é dos judeus. Os alemães assassinaram povos e minorias étnicas na Europa”. Acusou a Alemanha se posicionar cegamente com Israel. Isto pela postura da Alemanha contrária a julgar Israel na Corte Internacional de Justiça. Adicionou que a Alemanha apoia as práticas neonazistas da Ucrânia. A porta voz deve ter “esquecido” que foi a Rússia que invadiu a Ucrânia, matou dezenas de milhares e a Ucrânia está apenas se defendendo.

Esta semana Israel inteiro esteva em luto pela queda de 21 soldados, quando estavam preparando explosivos num complexo de casas nos subúrbios de Khan Younes, próximo da fronteira com Israel. O local era estratégico com visão geral do território israelense. O Batalhão da reserva do Corpo de Engenharia e tanquistas preparavam para explodir o complexo. De um túnel apareceu um ou mais terroristas, lançaram dois misseis antitanques, RPG, um acertou o tanque e o outro acionou um circuito elétrico causando a explosão. Na manchete do Jornal Israel Hayom está escrito “Dos melhores dos nossos filhos”. De fato, isto é inegável. Desde o início desta guerra, Israel está mais unido do que nunca. As rixas, brigas, divisões internas deixaram de existir e toda a população está empenhada em libertar os reféns e derrotar a Hamas. Vendo quem são os soldados caídos, da idade de 22 a 40 anos, nota se esta união. Há jovens de kibutzim, moshavim, cidades, assentamentos, de norte ao sul do país. De todas as camadas sociais, judeus, cristãos, muçulmano e até o filho de uma trabalhadora estrangeira das Filipinas que insistiu em servir o exército de Israel. Cada um deles tem uma história e a tristeza pela queda deles na batalha foi geral. Desde o início da guerra, caíram 556 soldados e soldadas. A partir da investida em Gaza, foram 221.

Yehi Zichram Baruch.

Foto: FDI (X)

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