BlogsMarcos L. Susskind

É 11 e chegamos a 111

Tel pode ser traduzido como colina ou monte. Mas é um tipo específico pois tem a forma de um cone baixo truncado com um topo plano e as laterais inclinadas.

Um tel clássico é um sítio arqueológico formado pela deposição de poeira e outros materiais sobre alguma aldeia ou cidade histórica abandonada. Um tel guarda em seu interior lembranças, histórias e tesouros de um passado distante.

Aviv é a palavra Hebraica para primavera.

Da junção destas duas palavras, muitos deduzem, erroneamente, que o nome da cidade Tel Aviv signifique Monte da Primavera – algo absolutamente distante da realidade!

No dia 11 de abril de 1909, que era o 5º dia de Chol Hamoed de Pessach, se reuniram algumas famílias no imenso areal próximo a Yafo para sortear os lotes que caberiam a cada família na construção daquela que viria a ser a primeira cidade Judaica em 2000 anos! Exatamente a 111 anos – daí nosso título.

A ideia de criar uma cidade Judaica, em padrões ocidentais, nasceu do ideário de Akiva Arieh Weiss já em 1906. Ele fundou uma cooperativa de nome Agudat Bonei Batim, que mudou o nome para Ahuzat Bait – que viria a ser o nome inicial do agrupamento de casas. Feito o sorteio e definida a rua principal, Rechov Herzl, decidiu-se iniciar a construção da primeira edificação. O simbolismo mostra a dedicação do Povo Judeu à cultura: antes da primeira casa, construiu-se uma escola – o “Gimnasia HaIvrit Herzliya”, o primeiro curso Ginasial em Hebraico!

Em 1910 foi resolvido dar um nome à cidade. Algumas dezenas foram sugeridos e os mais cotados eram Yafo Chadasha, Newe Yafo, Aviva, Yefeifiá e Herzliya (hoje há uma cidade com este nome, 14 km ao norte de Tel Aviv). No entanto Menachem Sheinkin, idealizador do colégio, trouxe um outro nome com uma justificativa que entusiasmou os residentes: Tel Aviv. Este era o nome em Hebraico do livro Altneuland, de Theodor Herzl, traduzido por Nahum Sokolov.

Quando Sokolov traduziu o livro, ele não quis usar o nome “Nova Velha Pátria”. Usou o nome Tel Aviv porque ele continha absolutamente tudo o que o Sionismo pregava: o “Tel” lembra o passado, nossa história e nossos tesouros e “Aviv”, primavera, mostra o renascer, o florescer, os frutos futuros.

Shenkin propôs este nome com a seguinte justificativa: “Com este nome nosso líder Herzl exprimiu a esperança de nosso futuro em Eretz Israel. O nome Tel Aviv tem som local, Hebraico e Árabe, e portanto todos os habitantes desta terra se acostumarão rapidamente a ele”. Sua sugestão foi aprovada por aclamação.

Entre as normas estabelecidas, Tel Aviv seria um “oásis para o descanso após o trabalho, um local de casas baixas com jardim e onde não haverá comércio de nenhuma espécie”. No entanto, em 1910, trabalhadores reclamavam que não havia onde comprar água, alimentos, nada. Houve uma reunião acalorada no final da qual se tomou uma decisão que transformaria Tel Aviv na metrópole de hoje. Foi permitida a construção de um kiosk de 2 x 2 na Alameda Rothschild desde que:

1- Seria propriedade da Comuna e não seria privada

2- Não seria permitida a venda de bebida alcoólica

3- Não haveria lugar para sentar.

Tel Aviv seguiu como lugar pequeno que atingiu 3600 moradores durante a I Guerra Mundial. Tudo iria mudar a partir de 1º de Maio de 1921. Neste dia começaram os trágicos “Acontecimentos de Tarpa – 5661”, incitados por lideranças árabes radicais. Estes líderes aproveitaram o estabelecimento do acordo Sykes Picot e se dirigiram a Churchill, em março de 1921, exigindo o cancelamento da Declaração Balfour, que Churchill negou. Eles começam a instigar contra os Judeus. No dia 1º de Maio ocorre um confronto violento entre socialistas sionistas e judeus comunistas. As lideranças árabes de Yafo aproveitam a confusão para iniciar violência contra os judeus com mortes, estupros, roubos e saques. Em cinco dias 47 Judeus foram mortos, 146 feridos. A cidade de Yafo, onde 40% da população era judaica (16.000 Judeus), vê o início de um êxodo em direção à vizinha Tel Aviv. Este influxo de novos residentes gera o cancelamento da norma que não permitia comércio em Tel Aviv e a cidade cresce para 34.000 habitantes em 1925 – crescimento vertiginoso em apenas quatro anos. Graças ao comércio e à sua localização, em 1936 a cidade já contava com 120.000 habitantes. Na II Guerra Mundial, a Força Aérea Italiana bombardeou Tel Aviv, matando 112 habitantes.

Em 14 de Maio de 1948, num final de sexta-feira, com a saída do último soldado britânico e com Jerusalém sitiada pelos exércitos árabes e portanto inalcançável, David Ben Gurion declarou a Independência de Israel em Tel Aviv.

Hoje, com 111 anos, Tel Aviv é a segunda maior cidade de Israel. Sua população é de 452.000 habitantes. O entorno de Tel Aviv, com grande número de cidades próximas, contém quase 45% da população de Israel. Em Tel Aviv e cidades vizinhas se concentram indústrias, comércio, inúmeras empresas de alta tecnologia e startups, excelentes hospitais, uma vida noturna cosmopolita, restaurantes, inúmeros museus, ópera, filarmônica, edifícios e shopping centers sofisticados e uma orla marítima convidativa.

Parabéns à metrópole de Tel Aviv, que neste 11, comemora 111.

Foto: Pixabay

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