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Hamas controla o fogo de Gaza

Por David S. Moran

A população israelense que vive em volta da Faixa de Gaza, chamada em hebraico “Otef Aza” já esta farta desta situação. Israel fornece a Hamas melhorias para que seu povo viva em melhores condições e, em contrapartida, é respondido com fogo brando ou acirrado. Depende da vontade da Hamas ou outros grupos, como a Jihad Islâmica. O Estado de Israel culpa a Hamas, pois esta organização esta no poder desde 2005.

Não é preciso motivo algum para abrir fogo. A última rodada de violência começou no domingo (23), quando alguns ativistas da Jihad Islâmica foram avistadas pelas soldadas que vigiam a fronteira. No amanhecer do domingo (23) chegaram de motocicleta dois terroristas e cavaram buracos para introduzir explosivos na trilha das patrulhas. As vigilantes chamaram as tropas em prontidão e estas agiram rapidamente, matando-os. Seus companheiros se aproximaram para retirar os corpos, enquanto uma escavadeira militar se aproximou para pegar os corpos e tentar trocá-los pelos corpos de dois soldados israelenses, em poder da Hamas há quase cinco anos. Toda esta ação foi filmada. Um corpo foi levado pelos palestinos e o outro na escavadeira, que protege de um possível explosivo, foi levado a Israel. A vingança da Jihad não tardou. Logo depois começou um fogo cerrado, que foi até segunda-feira, com mais de 100 misseis lançados em direção às cidades vizinhas como Ashkelon, Sderot e Netivot, adicionadas aos kibutzim e moshavim. Os habitantes desta região sofrem muito. O fato de não terem vítimas fatais é graças à eficiência do Domo de Ferro que tem sucesso de 90% e também à sorte. Mas apesar disso, há vítimas espirituais, principalmente de crianças. Imagine uma criança que vê o parque que frequenta destruído pelos destroços de míssil. Ninguém se feriu, pois a população é obediente e a cada alarme de “Cor Vermelha” corre para abrigo.

As notícias que correm pelo mundo são secas e não dão conta do que se passa na “cobertura de Gaza”. É um caos. As aulas são paralisadas, não há atividades, o comércio não funciona.

A aviação israelense foi acionada, atacou duas bases da Jihad, acertou alguns terroristas que estavam preparando mísseis para serem lançados e abortaram esta ação. Nesta noite, a Força Aérea de Israel agiu ao mesmo tempo contra alvos da Jihad islâmica, nas redondezas de Damasco. Esta ação foi uma novidade. Até agora as ações na Síria tinham sido contra alvos iranianos.

Israel não tem interesse de intensificar os combates e quer acalmar a situação. Recentemente deu a Hamas um pacote de melhoramentos para a qualidade de vida dos gazenses. Mas, isto não adiantou. Após algumas horas em que não foram lançados mísseis, a Jihad islâmica voltou ao seu costume e intensificou os lançamentos. Não leva em conta ninguém. Nem mesmo o emissário de Qatar, Muhammad al Amadi e seus acompanhantes antes de deixaram a Faixa de Gaza imploraram para que não lancem misseis. O emissário estava ali para lhes dar dinheiro vivo, como faz há mais de um ano e meio.

É um absurdo que os intermediários egípcios e os de Qatar já estão fartos desta situação. Quando Israel lhes dá melhores condições, é atacado e aí Israel para as melhorias. Depois de certa calma, retorna com os “goodies” e o ciclo vicioso das organizações palestinas continua.

Através dos explosivos, a Jihad islâmica consegue seu objetivo, o de mostrar aos palestinos de que ela é a organização de luta ativa contra Israel, enquanto a Hamas quer a calma. O interessante é que em 2009, Netanyahu foi eleito pela primeira vez, a Hamas o considerou o inimigo e agora a Hamas é um tipo de parceiro indireto e esta deslegitimando o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Tanto a Hamas e Jihad Islâmica, como Israel não têm vontade de intensificar o fogo. Um porta voz da Jihad anunciou que sua organização já vingou a morte dos seus dois ativistas e cessaria o fogo a partir das 22:00h. Isto é, ditam a Israel quando iniciam e quando terminam o fogo, sem levar em conta o revide de Israel, doa o quanto doer.

Tanto é que até o Comandante do Estado Maior do Exercito, General Kochavi disse (24): “Não tenho certeza de que a troca de fogo, das últimas 24 horas está finalizando”.

Netanyahu lançou uma advertência aos líderes terroristas: “nós continuaremos combatê-los até que vocês parem o fogo. Se isto não acontecer, vocês são os próximos alvos”. Já há algum tempo que Netanyahu e seu Ministro da Defesa, Naftali Bennett, advertem a Hamas e a Jihad, de que Israel está lhes preparando uma surpresa, lutar de uma forma que eles não imaginam e será dolorida.

Caricatura do Shlomo Cohen de Israel Hayom, 25/2. Sinwar atrás da urna pede que continuem assim, para a quarta e quinta eleição.

Só que na guerra não se faz advertência prévias, se tem que atirar, atira e não fale. Os residentes do “Otef Aza” (em volta de Gaza) dizem que “Israel não pode deixar a Jihad Islâmica decidir o nosso destino”. Eles reclamam que há anos vivem desse jeito e “isto não é vida”. As organizações palestinas sabem que Israel não vai entrar em batalha maior na véspera de eleições, desta vez a terceira rodada em um ano.

No kibutz de brasileiros, Bror Chail, a Keren de quatro anos mostra a mãe um desenho e explica: “o azul é o céu, o vermelho são os “bum” dos bombardeios, o amarelo e o roxo são as flores”. A mãe completa que os bombardeios já são parte de sua vida. Também pudera: após os combates de Penhasco Firme (2014), havia certa trégua. Em 2015, foram lançados 21 misseis, em 2016, 15 mísseis, ano depois, foram 35. Desde 2018, houve um grande aumento, neste ano foram lançados 1.193 misseis, em 2019 aumentou para 1.295 e nos dois meses de 2020 já foram 120 mísseis.

Realmente, o cessar fogo não durou muito. Na quinta (27) a unidade de controle da Força Aérea notou um drone partindo de Gaza, de forma irregular em direção ao leste, ao Mediterrâneo. Após estudar o acontecido e suspeitando que seja um drone de organização terrorista, lançado para obter informações para a Inteligência, foram lançados dois caças e o abateram. Ao mesmo tempo o Comandante de Coordenação das Atividades nos Territórios Ocupados, General Kamil Abu Rukun (druzo-israelense) informou que Israel entende a mão, facilitando as condições de vida em Gaza. Até quando, ninguém em Israel pode dizer. Espera-se que seja o mais longo possível e que a população local tenha uma certa trégua. Esta beneficiará a população da Faixa de Gaza, se Hamas e Jihad Islâmica permitirem.

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