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Israel avança e o tempo vai se esgotando

Por David S. Moran

Hoje (15/12), já estamos no 70º dia da Guerra Espadas de Ferro. Ainda há 135 reféns nas mãos do Hamas-Daesh. Os combates são duros, o Hamas preparou armadilhas e em praticamente todas as casas de civis, as tropas encontraram material bélico. Também a rede de túneis é bem complexa. Há poços de túneis até mesmo debaixo de camas de crianças. Na quarta-feira (13) soldados entraram para vasculhar uma casa que esta estava armada para ser uma emboscada. Na entrada houve explosão e quatro soldados morreram. Houve a preocupação de que seus corpos fossem sequestrados, como ocorreu em 2014, com Oron e Goldin. Seus restos mortais não foram entregues a Israel até hoje. Por aquela experiência, outras forças entraram em combate. O resultado final foi que cinco oficiais morreram, entre eles um General de Brigada e um Coronel. O número de oficiais caídos deve-se ao fato de que, no exército israelense, os oficiais vão na frente e dão a ordem “acharai” (“atrás de mim”).

O avanço das tropas israelenses é relativamente lento, devido ao cuidado de não atingir civis inocentes. Vale a pena lembrar que a Faixa de Gaza é um dos lugares mais densamente povoados e isto dificulta, mesmo que a população tenha sido ordenada a se locomover ao sul. As forças israelenses sofreram 444 baixas desde a invasão do Hamas, dos quais 115 desde a entrada em Gaza. Há cerca de 1.700 feridos.

Esta não é uma guerra comum entre dois exércitos regulares, é guerra entre as Forças de Defesa de Israel (FDI) e uma organização terrorista, Hamas, com auxílio da Jihad Islâmica. Os terroristas escondem-se atrás dos civis. O exército encontra armamento em toda parte, em casas, escolas, mesquitas e hospitais. Estes lugares deveriam estar fora do campo de batalha. Quando um franco atirador tenta atingir os soldados, o contato com a força aérea é rápido e aí o míssil alveja só o alvo que devia ser eliminado.

Mas os dias vão passando e o mundo vendo a destruição quer que Israel pare a guerra. O fato de que a organização terrorista Hamas ainda não tenha libertado os reféns que foram sequestrados e nem permita que a Cruz Vermelha os visite não importa para as outras nações. Das péssimas condições em que estão os reféns, inclusive bebês, mulheres, gente de idade, que mal recebem comida, que são espancados, passam de um túnel a outro e não veem o sol do dia, não interessa aos que apressam Israel.

O exército israelense é o que mais segue as normas internacionais de combate. A simples tentativa de não envolver civis palestinos na guerra custou a vida de soldados. O mundo trata da guerra Hamas-Israel e esqueceu-se da violência que o exército russo continua travar na Ucrânia. E o Putin ainda ousa falar da violência de Israel.

Nenhum exército pode lutar com as mãos atadas. Também precisa de tempo, para preservar civis e os próprios soldados. “A pressa é do diabo”. Há unanimidade em Israel de que as FDI devem acabar com o Hamas e outras organizações terroristas em Gaza. Até o momento, centenas de túneis foram destruídos e há outras centenas de muitos quilômetros. Toda esta rede subterrânea tem que ser destruída. Muitos terroristas, vendo a situação, estão se entregando ao exército israelense. Com eles o Serviço de Inteligência obtém mais dados.

A área norte da Faixa de Gaza já está em fase de ser limpa dos terroristas, os combates vão se concentrando na área central, em Khan Yunes. As chuvas que caíram nos últimos dias não ajudaram a população da Faixa de Gaza, que está concentrada na parte sul e o perigo de doenças aumenta. Adicione a isto a falta de alimentos, que terroristas do Hamas roubam quando os caminhões entram para distribuí-los a população.

Na área política, Israel luta contra organizações mundiais como a ONU, o Parlamento Europeu e outras que tem maioria automática, com 56 países muçulmanos, entre eles 22 países árabes. Outros países falam a favor de Israel, em conversas particulares, mas por receio do dinheiro e petróleo árabe, levantam a mão em fóruns internacionais contra Israel. Os problemas internos, como as eleições presidenciais do EUA evidentemente são levados em conta. Por este motivo o Presidente Joe Biden (o melhor que Israel teve na Casa Branca (“há 35 anos eu disse que não é preciso ser judeu, para ser Sionista, eu sou Sionista” 12/12/23), está pressionando para acabar com a guerra Espadas de Ferro, pois está começando a corrida pelas eleições presidenciais. Numa reunião pela reeleição, Biden disse: “Bibi, gosto de ti, mas não concordo com nada que dizes. Netanyahu tem que mudar sua política em relação aos palestinos. Ele tem um governo muito radical, é contra um Estado palestino e põe em perigo a existência do povo judeu. Netanyahu não pode dizer não a um Estado Palestino, no futuro”.

Se não faltasse sofrimento, no norte do país, na fronteira com o Líbano, a Hizballah continua diariamente alvejando o território israelense. As Forças de Defesa de Israel revidam, mas isto não pode continuar. Mais de 100.000 habitantes da região fronteiriça deixaram seus lares. O governo os alojou, bem como os mais de 150.000 habitantes do entorno da Faixa de Gaza. São cerca de 300.000 pessoas alojados provisoriamente em hotéis, sem suas escolas, seus lugares de trabalho e seus hábitos cotidianos que esperam por uma solução rápida.

A Hizballah parece não querer guerra. Nasrallah lembra muito bem que disse após o ataque e sequestro de dois soldados israelenses e a morte de três, que desencadeou na Guerra em 2006. Naquela ocasião Nasrallah disse que se soubesse que esta seria a reação de Israel, não ordenaria o sequestro. Em consequência, Israel entrou na segunda Guerra do Líbano. Esta organização parece atender o Irã e mostrar solidariedade com o Hamas-Daesh, mas sem passar dos limites. O governo israelense adverte a Hizballah de que se promover uma guerra, Beirute será destruída.

Outra frente, que parece que o Irã está abrindo, e bem longe, através da sua proxy, os Houtis, em Bab el Mandeb, na entrada para o Mar Vermelho. Desde 2011 em guerra civil e os Huotis se apoderaram da presidência em 2015. Iêmen é um dos países mais subdesenvolvidos do mundo. Aproveitam-se do estreito de Bab el Mandeb para fazer pirataria, alegando não permitir transporte marítimo pela região em direção a Israel. A importação de produtos do Oriente é de mais de 100 bilhões de dólares, 70% por via marítima. Se os Houtis fizerem embargo, Israel terá que prolongar os transportes, contornando a África e isto resultará em atraso e aumento de preços. Os Houtis já atacaram alguns navios, uns que iam a Israel, outros não. Na área circulam marinhas de guerra da França, Estados Unidos, Inglaterra e de Israel também, embaixo e por cima do mar. Talvez Israel tente organizar as marinhas para desbloquear a passagem em Bab el Mandeb. Se não conseguir, há possibilidade de agir sozinho.

Retornando aos fatos na Faixa de Gaza. A população de Gaza está farta do Hamas e do desastre que lhe trouxe. Começam brigas entre terroristas do Hamas e a população já que o Hamas lhes trouxe crise humanitária devido a falta de alimentação e água potável. A situação sanitária é muito baixa e os hospitais a beira do colapso. Já antes da chacina de sábado, 7 de outubro, a taxa de desemprego em Gaza era de 60%. Contudo, surgiram 600 novos milionários. São pessoas ligadas o Hamas, que fizeram sua fortuna através de corrupção relacionada aos túneis que passam entre o Egito e a Faixa de Gaza.

Enquanto o povo sofre, seus “lideres” vivem no bem bom do Catar, em hotéis de luxo, ou casas de luxo. O departamento econômico do Ministério do Exterior avalia a fortuna do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh (sucedeu a Sinwar) em 5 bilhões de dólares, Khaled Mashaal também em 5 bilhões de dólares e o vice líder político, Moussa Abu Marzouk em 3 bilhões. Yahia Sinwar e Mohammad Deff em 5 milhões de dólares. O PIB da Samaria e Judeia é quase quatro vezes maior do que a dos “irmãos” palestinos da Faixa de Gaza. Destes dados dá para concluir que se os palestinos tivessem boas intenções, poderiam conviver em paz com o Estado de Israel e teriam incrível melhora nas suas condições econômicas.

Mesmo assim, o pesquisador palestino Khaled Shkaki publicou (13) dados que colheu entre 22 de novembro e 2 de dezembro que revelam que 72% dos palestinos acham que o ataque do Hamas contra Israel foi justificado (82% na Cisjordânia e 57% em Gaza). Perguntados sobre a causa do ataque, 81% responderam que foi pelos ataques dos assentados à mesquita de Al Aksa e para libertar os terroristas presos (89% na Cisjordânia e 69% em Gaza). 85% disseram que não assistiram aos vídeos dos horrores que o Hamas praticou e 90% nem acreditam que foram feitos. 95% acham que Israel praticou crimes de guerra e só 10% acham que o Hamas também os praticou. 70% dos palestinos da Samaria e Judeia acreditam que o Hamas vencerá a guerra, enquanto só 50% dos gazenses o acham. Há unanimidade de que Mahmoud Abbas deve se demitir. Em novas eleições, o Hamas venceria com 43% dos votos, enquanto a Fatah receberia 17%. Há 3 meses era 22% e 27%respectivamente.

Em Israel, o povo está unido, mas há os que acusam Netanyahu em promover política, mesmo nestes dias de guerra. Ele visita unidades e dizem que é só para foto, oportunidade que será utilizada na corrida eleitoral. A última pesquisa publicada pelo Canal 13 (11/12/23) prevê que o partido de Ganz (Hamachané Haleumi) venceria com 37 deputados (de 120), o Likud teria 18, o Yesh Atid, do Yair Lapid 15, Shas 9, Israel Beiteinu 8, Yahadut Hatorá 7, Taal-hadash 5, Raam 5, Otzma Yehudit, de Ben-Gvir-7, HaSionut Hadatit, de Smotrich 5 e Meretz 4. A atual oposição teria 69 deputados contra 46.

Foto: FDI

3 comentários sobre “Israel avança e o tempo vai se esgotando

  • Sempre tens que revelar o teu viés ideológico David Moran! A quem queres enganar dizendo que o mão sujas de sangue Biden é o melhor presidente americano nas relações com Israel! Deixa de ser ridículo: por causa de Biden morreram dois mil combatentes israelenses na Guerra do Yom Kippur que cinicamente convenceu Golda Meir baixar as armas! Agora está fazendo o mesmo com Benjamin Netanyahu que está sustentando o Hamas com combustível e ajuda humanitária! Tenha vergonha de declarar isso e só porque és esquerdista não admitir que o melhor presidente ( não foi perfeito nem santinho) foi Trump que cumpriu sua promessa de transferência da embaixada americana para Jerusalém, reconheceu as colinas do Golã, queria reconhecer a Área C da Judeia e Samaria totalmente administrada por Israel mas foi Bibi Netanyahu que falhou e se acovardou com medo de anexar a nossa terra ancestral!

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    • 100% de acordo contigo cara Emília! O David é de ultra-esquerda e sempre tem pensamentos retrógrados! Imagine um estado palestino, o perigo que representaria a Israel? Sem estado os f.d.p. já colocam os judeus em perigo no mundo todo. Acredito que ele é patriota, e em algumas considerações acerta, mas no que tange há estado palestino, está completamente equivocado!

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    • Boa tarde! Você tem a referência quanto ao Biden ter convencido a Golda Meir em 1973…? Fiquei curioso, nunca escutei isto antes. O que sei é que o Kissinger queria que Israel sangrasse antes de vir em auxílio, por imperativos de Guerra Friaa e conveniência de enfrentamento da URSS, e que ele é que teria convencido Israel a aceitar o cessar-fogo, poupando o 3o exército egípcio. De resto, tendo a concordar com o articulista mas estou aberto a outros entendimentos. Obrigado e Shabat Shalom.

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