O povo de Israel vive, em meio aos bombardeios do Irã
Por Mary Kirschbaum
Não acho que alguém que não esteja aqui neste exato momento, consegue entender o que estamos passando. Não me lembro de ter sentido isto que estou sentindo agora. Medo! Medo real de morrer!
Não é brincadeira não. Faz duas noites que mal durmo. Corremos para o abrigo assim que toca aquela mensagem maluca de aviso de super urgente, que aparece como um alien, saltando no nosso celular. Aí eu, que não tenho “mamad” (quarto seguro) em casa, corro para meu shelter embaixo do prédio. Umas 25 pessoas sentadas sem falar, tremendo feito vara verde se sentam olhando umas para as caras das outras, comunicando silenciosamente que esta vez não é como das outras vezes em que sabíamos que os misseis não nos fariam cócegas, pois nossos iron domes, dos quais temos orgulho abateriam estes misseizinhos meia boca do Hamas ou do Iêmen. Não! Desta vez, os misseis fazem estrondos absurdos fazendo todo mundo pular e o abrigo sacudir! Antes de ontem a noite, quando sai do abrigo, vi uma fumaça negra enorme saindo de trás do meu prédio, onde caiu o míssil aqui bem próximo de Tel Aviv e já feriu algumas pessoas e matou uma, que eu sei.
Voltamos pro apartamento, levando de volta aquela mochila preparada com os enlatados, o papel higiênico e muita água, que serve para se tivermos que ficar mais tempo no abrigo. Ligo a TV e tento me certificar no olho dos jornalistas e repórteres que está tudo bem, mas também vejo a âncora correndo do abrigo que esteve durante o bombardeio de 150 mísseis do Irã, pois ela também está perto de mim em Tel Aviv.
Pois é, depois das duas horinhas e meia dormidas depois do último ataque de mísseis do Irã, às 5:10 da manhã, acordo tomo um banho, com medo de tocar o alarme no meio do banho e como para juntar energia para mais um dia de maratona de corridas para abrigos e tentativa de meditar para não ficar muito nervosa com os próximos acontecimentos.
Quando vejo o que se fala da gente no Brasil e as imundícies espalhadas pelo mundo sobre judeus e sionistas, que eles não fazem a menor ideia do que é o que, sinto cada vez mais o quanto somos resilientes. Porque o povo judeu é tão forte feito um leão. Porque somos unidos. às duas da manhã, assim como no resto da madrugada falamos com nossas redes de apoio, amigos brasileiros, família, etc, tdos que estão em Israel, segurando a onda como a gente… os amigos mais fiéis costumam ser como Ernest Hemingway diz, aquele que está do seu lado nas trincheiras, quem está ao seu lado quando tudo desmorona é o que mais importa, mais até do que a própria guerra.
E vamos que vamos para mais um dia, mais uma noite, sem saber o que este loucos do Irã planejam para o Estado de Israel.
Mas de uma coisa eu sei: “Am Israel Chai”! E o povo de Israel vive!!
Mary, em meio a guerra de Israel com o Irã.
Foto: Captura de tela de TV