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A dependência das instituições: um obstáculo oculto na vida dos novos imigrantes

Por Tzvi Szajnbrum

A dependência das instituições públicas em Israel é uma realidade silenciosa, mas profundamente enraizada entre muitos cidadãos – e especialmente entre os novos imigrantes que, com coragem admirável, decidiram reconstruir a vida em uma terra desconhecida, com idioma, cultura e um sistema completamente diferente.

Esse fenômeno de dependência, particularmente em relação ao Bituach Leumi (Instituto Nacional do Seguro), pode inicialmente parecer um porto seguro: benefícios como o seguro-desemprego (Dmei Havtala) ou a garantia de renda (Havtachat Hachnassa) são cruciais para quem chega sem recursos, sem rede de apoio, sem estabilidade. No entanto, com o passar do tempo, essa mesma ajuda pode se transformar numa armadilha cruel e paralisante.

É preciso ter coragem para dizer a verdade, mesmo quando ela incomoda: existe um risco real – e crescente – de que o conforto imediato proporcionado pelos benefícios se transforme em acomodação, inércia, apatia. Para quem recebe seguro-desemprego, é “mais fácil” não procurar trabalho. O mesmo ocorre com a garantia de renda, talvez o benefício mais viciante de todos: quanto mais tempo se recebe, mais difícil se torna sair do ciclo. O auxílio, que deveria ser uma ponte, torna-se uma muleta – e depois, uma prisão.

A situação se agrava ainda mais quando o olê chadash não domina o hebraico. A barreira do idioma adiciona uma nova camada de dependência: o imigrante passa a depender de terceiros até para os atos mais básicos – preencher formulários, entender uma correspondência oficial, marcar uma consulta médica ou até mesmo reivindicar seus direitos. O medo de errar paralisa. A vergonha impede de pedir ajuda.

Com o tempo, o hábito de pedir ajuda se torna permanente. A pessoa já não tenta mais fazer sozinha, não se esforça. Passa a considerar natural, quase automático, depender dos outros para tudo. Não são raros os casos de imigrantes que vivem há anos em Israel e ainda não conseguem preencher formulários simples, explicar ao médico o que estão sentindo ou sequer ler os rótulos dos produtos no supermercado.

E, assim, a passividade se instala.

O resultado? Um ciclo vicioso e cruel: quanto mais se permanece dependente, menos forças se tem para reagir. E quanto menos se reage, mais profundo é o buraco da dependência.

Este texto não é uma crítica à existência dos benefícios, eles são legítimos, necessários e devem ser preservados. Mas é um chamado à lucidez: não permita que a ajuda temporária se torne uma sentença vitalícia. Você não veio a Israel para sobreviver de auxílio. Você veio para viver. Para crescer. Para florescer.

Reivindique sua autonomia, sua liberdade, sua dignidade.

E se você não sabe por onde começar, fale com quem entende. Muitas vezes, o que falta não é capacidade. O que falta é direção.

A independência começa com um passo.

Foto: Ministério da Imigração e Absorção (Captura de tela X)

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Bras.il.

2 comentários sobre “A dependência das instituições: um obstáculo oculto na vida dos novos imigrantes

  • Olá para todos !

    Me chamo Zeev Moscavitch e, serei olé chadash até o dia 25 de agosto 25, depois disso, israeli mesmo !

    Desde sempre, muito pouco recorri a ajuda de terceiros para me ajudar a entender os formulários, o que diz o caixa eletrônico, os rótulos dos produtos e tudo que envolve sobreviver em Israel !

    Como se diz, Israel não é um país para fracos, é preciso ser muito forte para seguir em frente, tal a quantidade de dificuldades . Tudo mais fácil com um pouco do domínio do hebraico ,que ajuda mas, ainda se tem muito para aprender!

    Tentei Ulpan por duas vezes e, não fui até o fim em nenhuma das duas! Como olé, precisei aprender o como pedir e entender o dia a dia na rua, como ir na padaria e comprar pão, comprar leite, manteiga, comida em geral!

    Perguntei a professora, quando ela iria ensinar este tipo de hebraico? Resposta: nunca, ela só ensina o que o Ministério da Educação, ou outra entidade , define! O hebraico de rua, digamos assim, é um curso depois da Kita Alef do Ulpan, um curso de 2 meses!
    Eu fechei minhas horas e fui trabalhar onde aprendi o hebraico que preciso para viver e, até hoje aprendo e, acreditem, com todos que falam, todos me entendem, assim posso entender que com um pouco de esforço, estou certo !

    Bem, e tem muito mais , mas isso podemos conversar em um encontro, seria muito interessante enriquecedor !

    Resposta

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