BlogsDavid Moran

Galant: “Israel é atacado por sete frentes”

Por David S. Moran

Todos os focos estão centrados na guerra de Israel contra o Hamas-Daesh na Faixa de Gaza, que já está no 83º dia. Porém, o Ministro da Defesa de Israel revelou na Comissão do Exterior e Segurança do Knesset que Israel está combatendo sete frentes ao mesmo tempo: Gaza, Líbano, Síria, Iêmen, Iraque, Irã e Judeia e Samaria. Adicionou que “nós reagimos em seis dessas frentes”.

A guerra em Gaza é árdua pelo fato de que há a Faixa de Gaza de cima – o que se vê – e a Faixa de Gaza de túneis profundos e até “segundo andar” de túneis. Enquanto as tropas israelenses avançam, vão descobrindo centenas de túneis e em muitos deles e em prédios há armadilhas com explosivos que são acionados automaticamente quando alguém entra. Outro problema que as tropas encontram é o surgimento de terroristas do Hamas de poços de túneis que atiram e logo desaparecem.

Nesta luta, todo cuidado é pouco. Israel que no começo da Guerra Espadas de Ferro falou em liquidar a ala militar do Hamas, agora continua dizer o mesmo, mas colocou como prioridade libertar os 129 reféns que ainda estão em posse do Hamas e organizações irmãs. Infelizmente, com o avanço das tropas, elas descobrem corpos de reféns e só conseguiram trazer viva uma refém. O cúmulo da reação mundial neste caso é que não se ouvem reclamações de governos e organizações ante a impotência da Cruz Vermelha de visitar os reféns. Há desde crianças a idosos, pessoas que são doentes e tem que tomar seus remédios. Nem mesmo lhes entregam os remédios que consomem.

Já houve um acordo pelo qual os combates cessaram por alguns dias, Israel recebeu 114 reféns, Hamas recebeu cerca de 350 terroristas e conseguiu abastecer suas tropas pelo contrabando dos túneis que vão de Rafah em Gaza para o lado egípcio. Todas as tentativas de novo cessar fogo, são rejeitadas pelo Hamas. Na semana passada, o Catar e o Egito que servem de mediadores e, por cima, os Estados Unidos, ouviram de altos funcionários do Hamas que chegaram a Cairo que não cessarão o fogo até que Israel pare permanentemente a luta. Israel por sua vez disse estar determinado a alcançar seus objetivos: liquidar o braço armado do Hamas e libertar todos os reféns.

O Egito apresentou sua proposta de três fases: cessar-fogo e entrada de ajuda humanitária; constituição de governo provisório e a libertação dos reféns de um lado e dos terroristas presos de prisões israelenses. O governo seria tecnocrático e se concentraria na reconstrução da Faixa de Gaza e preparação de eleições gerais. Segundo um jornal saudita, na primeira fase, no cessar-fogo humanitário de duas semanas, o Hamas libertaria 40 sequestrados, mulheres, crianças e doentes, Israel colocaria em liberdade 120 terroristas condenados. Durante o cessar-fogo os tanques israelenses recuariam e ajuda médica, alimentar, combustível e gás passariam à Gaza. Na segunda fase, o Egito promoveria a reconciliação entre o Hamas e o Fatah para formar um governo tecnocrata que reconstruiria a Faixa de Gaza. Na terceira fase, haveria um cessar-fogo permanente, a libertação de todos os reféns israelenses e os prisioneiros que foram condenados por motivos de segurança e assassinato de israelenses. O Hamas já informou que é contrário a qualquer arranjo que não seja cessar-fogo completo, desde o início. Talvez a recusa do Hamas sirva também ao governo de Israel que tem por objetivo liquidar a ala militar do Hamas. Sabe se que há um clima de tensão entre a população de Gaza que sofre com a guerra e os terroristas do Hamas. Mesmo porque estes tomam a ajuda humanitária para si.

Em Israel há muitos que são contrários a ajuda humanitária para Gaza, justamente pelo motivo que os primeiros a se beneficiarem são os terroristas do Hamas, que estão combatendo as forças de defesa de Israel e são abastecidos por Israel.

Os americanos querem que Israel estenda também ajuda humanitária israelense, além da que permite entrar do mundo. Evidentemente, em Israel haverá muita objeção a isto. Onde já se viu que numa guerra de existência (pois o Hamas diz abertamente que quer extinguir o Estado de Israel e formar um estado islâmico do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo), o lado atacado – Israel – ajuda o atacante – Hamas-Daesh?

O jornal francês Le Monde revelou um plano elaborado por um centro de pesquisas saudita. O plano seria, a saída dos líderes do Hamas da Faixa de Gaza para Argélia e a formação de uma força-tarefa árabe num período de transição que, no final, passaria a responsabilidade aos palestinos.

Já, atualmente, Israel quer conquistar o Eixo Filadelfia, na fronteira de Gaza com o Egito para não permitir o contrabando de produtos e material bélico do Egito ao Hamas, através dos túneis que o Hamas construiu. Pela delicada situação diplomática com o Egito, Israel não criticou esta passagem que o Egito devia proibir.

Israel recrutou 300.000 reservistas nesta guerra e é claro que isto representa um grave peso na economia nacional e perturbação na vida cotidiana. Além disso, há cerca de 200.000 deslocados de suas casas da região em volta da Faixa de Gaza e também do norte do país. A situação já dura quase três meses e tende a piorar. O exército está empenhado e avança lentamente e com cuidado. Agora já está projetando passar a terceira fase que começará em poucos dias. As Forças de Defesa de Israel (FDI) serão reduzidas e passarão a combater os terroristas com incursões direcionados, atingir objetivos pontualmente e em método operacional diferente, assim poderá reduzir as tropas. O primeiro ministro, Benjamin Netanyahu e os comandantes militares dizem que não darão trégua até alcançar o objetivo de liquidar o braço armado do Hamas, Jihad Islâmica e outros grupos. O prazo requerido é de seis meses e aí viria a quarta fase, que é elaborar o tratamento dos civis da Faixa de Gaza. Espera-se que isto não caia nos ombros do Estado de Israel, que tem o desejo de retirar-se de Gaza.

Outra frente que está ativa desde 7/10 é a frente do norte, do Líbano e em menor escala a do Noroeste, da Síria. O Hamas estava esperando uma ajuda da sua co-irmã do terror, a Hizballah que atua do Líbano. Pelo visto, por não ser informada a tempo do ataque do Hamas, Hizballah não entrou com toda a força, mas está incomodando diariamente a zona fronteiriça com o Líbano. Na segunda-feira (25) o comandante das Guardas Revolucionárias do Irã, Sayyed Reza Musavi, foi morto na sua casa em Damasco. Pelo que foi anunciado, três misseis certeiros o atingiram, ninguém ao seu redor foi atingido. Imediatamente a acusação recaiu sobre a Força Aérea de Israel, mas Israel não confirma, nem desmente.

Reza Musavi tem a patente de general iraniano e foi o responsável pelos contatos e abastecimento de material bélico do Irã à Síria e ao Líbano, para posteriormente chegar a Hizballah. Muitas cargas eram destruídas e abortadas ainda em solo sírio. Ele era muito ligado a Qassem Suleimani, comandante da Força Quds, responsável pelas Guardas Revolucionárias. Suleimani morreu quando chegava de Beirute a Damasco por um drone americano. Nota-se a grande importância de Musavi pois o seu corpo foi transladado para Teerã e do cortejo fúnebre participaram altos funcionários iranianos, encabeçados pelo líder máximo do país, Ali Khamenei.

Quanto aos ataques da Hizballah, Israel por enquanto só reage e contra-ataca com violência. Os misseis anti-tanques que Hizballah lança causam prejuízos em casas das cidades ao redor da fronteira, que estão desabitadas, por instrução governamental. Israel, aproveita a troca de tiros para levantar novamente a questão do acordo 1701. Este acordo, acertado na Assembleia Geral da ONU, em 2006, dizia entre outros que forças da Hizballah não podem passar do Rio Litani e entre Israel e o Líbano tropas da ONU – UNIFIL- manterão a ordem. Nada disso aconteceu, Hizballah veio até a fronteira e UNIFIL virou a cara e nada viu. Os habitantes das localidades fronteiriças em Israel dizem que não voltarão as suas casas até que Hizballah seja retirado para além do rio Litani, a cerca de 4 km da fronteira.

O Irã que não bota as mãos na lama, mas aciona os outros, intensificou o processo de enriquecimento de urânio, segundo a AIEA e ameaça o mundo com possíveis armas atômicas.

A boa notícia de Israel é que o povo realmente está unido e todos empenhados de ajudar uns aos outros. Em dezembro, houve recrutamento para as forças de Defesa de Israel e houve grande procura dos jovens (em Israel, o serviço militar é obrigatório, com certas exceções) para servir em unidades combatentes e de comando. Como muitas vagas já foram preenchidas, dezenas de jovens recusaram receber a negativa e preferiram adiar o alistamento para abril, 2024, com a promessa que irão às unidades de combate. Boa motivação.

Esperamos que o ano de 2024 seja melhor do que o ano que está chegando ao seu final. Que seja de Saúde, Paz e Alegrias.

Foto: FDI

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo