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Israel rejeita conclusão da CNN sobre morte da repórter

Autoridades israelenses e o porta-voz militar do país rejeitaram as conclusões de uma investigação da CNN sobre a morte da jornalista da Al Jazeera, que afirmou que um soldado israelense atirou intencionalmente em Shireen Abu Akleh.

A rede realizou sua própria investigação com base em análise de áudio, dois novos vídeos da cena e depoimentos de oito testemunhas. Os resultados sugeriram que Abu Akleh, atingida durante um tiroteio entre soldados israelenses e palestinos em Jenin em 11 de maio, foi “morta a tiros em um ataque direcionado pelas forças israelenses”.

As Forças de Defesa de Israel disseram que qualquer disparo mortal de seus próprios soldados contra um jornalista teria sido acidental.

“De maneira alguma as FDI teriam como alvo um civil, especialmente um membro da imprensa”, disse um alto funcionário de segurança israelense não identificado à CNN. “Um soldado das FDI nunca dispararia um M16 no automático. Eles atiram bala por bala”.

Michael Oren, ex-embaixador de Israel nos EUA e ex-membro da Knesset, criticou a rede por um relatório tendencioso, rotulando-o como “antissemita” porque visa apenas Israel.

“Desde 1990, mais de 2.600 jornalistas foram mortos em combate, mas a CNN investigou apenas um, um palestino”, tuitou Oren na quarta-feira. “Ignorando a recusa dos palestinos em cooperar com uma investigação completa, a CNN condenou Israel”.

“A reportagem da CNN é, por definição, antissemita”, disse Oren, referindo-se à definição de antissemitismo da International Holocaust Remembrance Alliance (IHRA). “Em 2002, quando a CNN transmitiu uma reportagem similarmente antissemita, o ex-primeiro-ministro Ariel Sharon fechou seu escritório em Israel. Israel deve apoiar a IHRA e a ADL e fazer o mesmo”.

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Oren foi colaborador da CNN por vários anos depois de concluir seu mandato em Washington DC

As FDI chamaram a alegação de tiros direcionados de “totalmente infundada” e pediu aos palestinos que cooperem em um exame forense junto com representantes americanos para determinar conclusivamente a causa por trás da trágica morte de Abu Akleh.

“11 civis israelenses foram mortos em Israel nas últimas semanas em ataques de terroristas que vieram de Jenin. As FDI operaram em Jenin para evitar novos ataques terroristas, e palestinos armados que estavam espalhados na área dispararam centenas de balas indiscriminadamente, na tentativa de atingir os soldados e transformar a área em uma zona de guerra ativa. A alegação de que o tiro foi intencional é privado de qualquer base”, disse o porta-voz militar israelense em resposta na terça-feira.

“Como as FDI mencionaram antes e continuam a observar desde a trágica morte de Abu Akleh, é impossível chegar a uma conclusão firme sobre a fonte do tiro que a matou, sem concluir uma investigação completa e profissional como a que está sendo conduzida atualmente pelas  FDI. As afirmações sobre a origem do fogo que matou Abu Akleh devem ser feitas com cuidado e apoiadas por provas concretas. É isso que as FDI estão se esforçando para alcançar”, acrescentou o comunicado.

Autoridades palestinas se recusaram a transferir a bala que atingiu Abu Akleh para Israel, mas disseram que estão dispostas a compartilhar os resultados de sua própria investigação com outras partes internacionais.

A reportagem da CNN afirmou que, mesmo sem acesso à bala que atingiu Abu Akleh, existem maneiras de determinar quem a matou. Com a manchete “Eles estavam atirando diretamente em jornalistas”, a rede apresentou sua análise das evidências que supostamente provam seu ponto.

O artigo descrevia um vídeo de 16 minutos no qual Abu Akleh pode ser vista se afastando de uma enxurrada de balas. A filmagem mostraria uma linha direta de visão em direção a um comboio militar israelense.

“Vimos cerca de quatro ou cinco veículos militares naquela rua com rifles saindo deles e um deles atirou em Shireen. Estávamos ali mesmo, vimos. Quando tentamos nos aproximar dela, eles atiraram em nós. Tentei atravessar a rua para ajudar, mas não consegui”, disse Salim Awad, a testemunha ocular que filmou o vídeo.

O inquérito da CNN consultou Chris Cobb-Smith, um veterano do exército britânico que a rede identificou como especialista em armas de fogo. Cobb-Smith examinou fotos de marcas de balas deixadas em uma árvore exatamente onde Abu Akleh foi atingida. Ele acredita que ela foi morta por tiros controlados e direcionados, e não de “uma rajada de tiros automáticos”.

“O número de marcas de tiro na árvore onde Shireen estava prova que não foi um tiro aleatório, ela foi o alvo”, disse ele.

Cobb-Smith indicou que esses tiros devem ter vindo das forças israelenses e não de “sprays aleatórios” palestinos.

“O agrupamento relativamente apertado das marcas indica que Shireen foi intencionalmente alvo de tiros direcionados e não vítima de fogo aleatório ou disperso”, acrescentou.

O Times of Israel informou que uma investigação inicial dos militares israelenses sobre o tiroteio apresentou duas possibilidades. O primeiro cenário sugeria que Abu Akleh poderia ter sido baleada por pistoleiros palestinos que estavam do outro lado do comboio das FDI, disparando imprudentemente centenas de tiros.

O segundo cenário sugeria que pelo menos um atirador palestino estava localizado na estrada entre as tropas das FDI e os jornalistas, “nas proximidades” de Abu Akleh. Esse atirador teria disparado várias vezes em um dos veículos do exército, e um soldado respondeu ao fogo de dentro do veículo, usando um rifle equipado com uma mira telescópica. A investigação do Exército se concentrou nesse rifle, mas disse que não pode determinar quem matou a repórter da Al Jazeera sem comparar a bala com a arma.

Uma investigação da Associated Press considerou o segundo cenário como mais provável e afirmou que Abu Akleh foi baleada por uma arma israelense. Todas as testemunhas que falaram com a AP insistiram que não havia atiradores palestinos na área entre os repórteres e o exército.

Fonte: All Israel
Foto: Shutterstock

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