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O fim da América como a conhecemos

Por Deborah Srour Politis

Infelizmente estamos assistindo ao fim da América e muitos judeus de todo o país estão considerando deixá-la.

Mais um negro americano foi morto por um policial nesta semana, desta vez na cidade de Atlanta. Mas diferentemente de George Floyd, Raychard Brooks alegadamente estava bêbado, dormindo em seu carro bloqueando a entrada de um restaurante drive-thru. Quando a polícia chegou ele roubou o taser de um deles e ao tentar usá-lo foi baleado. Mas não importa. O restaurante aonde isto aconteceu foi ateado em fogo e a violência aumentou. A chefe de polícia da cidade, Erika Shields demitiu sumariamente o policial que atirou, sem mesmo ouvi-lo, e em seguida resignou sua posição.

Uma grande porção deste país perdeu completamente a cabeça. Estão pensando como crianças, imaginando como seu mundo seria perfeito se não houvesse professores ou pais.  Eles acham que ninguém precisa da polícia… até precisar da polícia.

No meio da cidade de Seattle, nasceu um novo país, chamado CHAZ. Os arruaceiros, comandados por um músico de rap invadiram e tomaram seis quarteirões quadrados da cidade, incluindo a delegacia local enxotando os policiais de lá. A prefeita da cidade ordenou que a polícia se rendesse. Quando perguntaram a ela quando retomaria o bairro ela disse que não sabia.

Agora, hipocritamente, membros da Antifa, do Blacks Lives Matter estabeleceram uma fronteira, controlando quem entra e sai – lembram como estes esquerdistas eram contra o muro que Trump queria com o México? E ainda, estão armados, exercendo seu direito constitucional. A mídia insiste em dizer que o lugar mais parece uma feira pacífica com música, comida e muitas drogas. É mentira. Os negócios locais devem pagar proteção ou serem destruídos. As chamadas de emergência por estupro, roubo e agressões triplicaram, mas a policia não pode responder.

Não é só a falta de segurança em geral, os ataques à polícia, ao sentimento de estar sendo apontado nas ruas pelo simples fato de ser branco. Nesta semana, uma moça branca foi obrigada a se ajoelhar na rua por um ativista e a pedir desculpas pelo privilégio de ter nascido branca. Ele filmou todo o incidente e postou nas mídias sociais.

O grupo visceralmente antissemita dos Hebreus Israelitas Negros instalou um palanque aonde brancos foram “encorajados” a se prostrarem e a beijarem suas botas.

Hoje, não só você não pode dizer a coisa errada. Se seu parente disser algo errado, você vai perder seu emprego. É o que aconteceu com o jogador de futebol da Sérvia Aleksandar Katai, que jogava no Los Angeles Galaxy. A mulher dele que estava em Chicago, chamou os manifestantes de “manada” numa mensagem em sérvio. Ele perdeu o contrato com o time.

Você também não pode falar a coisa certa sem parecer condescendente e paternalista. Os democratas do Congresso, liderados por Nancy Pelosi, cada um vestindo um xale ganês, se ajoelhou em solidariedade aos negros. Foram denunciados por terem se apropriado de um símbolo da cultura axanti que nada tem a ver com esta baderna.

Você também não pode se omitir. Ficar quieto significa que você é racista.

Shows de televisão sobre o trabalho da polícia, como COPS, foram cancelados. A HBO tirou do ar o filme clássico “E o Vento Levou”, que ganhou 8 Oscars em 1940 incluindo o primeiro dado a um afro-americano Hattie McDaniel como melhor atriz coadjuvante. E tudo isso porque o filme não reflete os valores de hoje sobre a escravidão.

Em Nova Iorque 700 policiais foram feridos nestas manifestações que a mídia diz serem “pacíficas”. 375 milhões interações por ano entre a população e a polícia, a grande maioria com sucesso. Mas o que vale é somente aquela uma que deu horrivelmente errado.

Nesta semana, a CNN entrevistou Lisa Bender, a presidente da Câmara dos Vereadores da cidade de Minneapolis, aonde George Floyd foi morto, pois ela decidiu que o melhor seria desmantelar o departamento de polícia da cidade. Não reformar a polícia, mas desmantelá-la completamente. Quando lhe perguntaram o que as pessoas deveriam fazer se no meio da noite a sua casa fosse invadida, ela disse que muitos tinham lhe feito a mesma pergunta mas para ela, a vontade de ligar para a polícia “vem de uma posição de privilégio branco”. Para ela então temos que aceitar sermos assaltados, estuprados e mortos, porque, se chamarmos a polícia, é um sinal de privilégio branco.

Mas ainda pior que isso, é a onda de antissemitismo que está acompanhando esta triste situação. Em Los Angeles a coisa está insustentável.

Graffiti nas paredes de uma sinagoga dizia “Palestina Livre” e “f *** Israel”. Uma estátua de Raoul Wallenberg, o diplomata sueco que salvou milhares de judeus húngaros dos nazistas, foi manchada com slogans antissemitas.  Juntamente com as sinagogas, os edifícios e lojas de propriedade dos judeus foram pichados com slogans antissemitas e muitos deles foram saqueados.

O distrito de Fairfax de Los Angeles, considerado o bairro judeu da cidade, foi particularmente alvejado pelo vandalismo. Paul Koretz, atual vereador do distrito disse no domingo passado, que “o ataque à nossa comunidade … foi cruel e criminoso”, “Enquanto assistíamos aos incêndios e saques, o que não foi divulgado pela mídia, foram os crimes e incidentes antissemitas”. Sob o pretexto de protestos, os antissemitas soltaram as correias do ódio.

Ontem em Paris, em apoio ao movimento americano, manifestantes contra o racismo gritaram slogans antissemitas, incluindo “judeus sujos” e carregaram cartazes dizendo “Israel, laboratório de violência policial” em um comício na Place de la République.

Além dos cânticos, para os quais os manifestantes levantaram os punhos, também usavam camisetas com a inscrição “Justiça para a Palestina” e agitaram bandeiras palestinas no evento. Os cartazes erguidos no alto incluíam “Pare os massacres de Israel. Liberdade e justiça para a Palestina”.

Na sexta-feira em Londres, o rabino Alter Yaakov Schlesinger foi esfaqueado múltiplas vezes em Stoke Newington, um bairro conhecidamente ortodoxo e aonde no dia anterior vários posters haviam sido afixados dizendo: “Basta de Brutalidade do Estado. Basta ao Apartheid Israelense.”

Na semana passada, uma organização americana chamada de Campanha pelos Direitos dos Palestinos dos EUA, também culpou a morte de vários afro-americanos em Israel, alegando que o exército israelense treina oficiais da polícia americana em táticas que levam a violações dos direitos humanos. O grupo twittou: “As forças armadas de Israel treinam a polícia dos EUA em táticas de policiamento racista e repressivo, que sistematicamente têm como alvo corpos de negros e marrons”. Isto além dos vários cartoons aonde George Floyd aparece com a kefyiah árabe.

Como estamos vendo, essa mania de “culpar Israel” ou “culpar os judeus” é prevalente. Até em manifestações legítimas, que nada têm a ver com o Oriente Médio. Extremistas anti-Israel da esquerda tentam promover a propaganda de que todos os males do mundo são produzidos por democracias brancas privilegiadas, como os EUA e Israel. Extremistas islâmicos usam qualquer desculpa para demonizar Israel. Extremistas da extrema-direita tentam culpar os judeus por todos os males do mundo. Uma antiga expressão polonesa diz que: “Se houver problemas no mundo, os judeus devem estar por trás”. Hoje isso foi expandido pela esquerda e extremistas islâmicos para incluir o estado-nação do povo judeu, como culpado do capitalismo à destruição do meio ambiente e à violência policial.

Mas não podemos ignorar aqueles – mesmo se forem uma minoria – que transformaram esses protestos em ataques fanáticos contra Israel. O fanatismo sem resposta só cresce em tamanho e intensidade em meio ao silêncio.

Sim, temos que protestar, e protestar veementemente, contra a injustiça que George Floyd e outros homens e mulheres afro-americanos sofreram nas mãos de policiais. Mas não é porque isto é importante agora que temos que nos calar contra outras injustiças. Agora também é hora de falar contra aqueles que sequestraram essa história trágica de Floyd para dar vazão ao mais antigo preconceito contínuo conhecido pela humanidade: o antissemitismo.

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