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Rede de farmácias cobre fotos de mulheres

A filial de Bnei Brak de uma rede de farmácias tem ocultado os rostos das mulheres nos produtos da loja para cumprir os costumes de modéstia ortodoxos.

Uma foto da filial da farmácia Be, da Shufersal, mostrando uma prateleira de produtos para cabelo com adesivos roxos colocados nas caixas para esconder imagens femininas provocou protestos e pedidos de boicote à rede.

O protesto foi mais um exemplo de uma grande empresa israelense enfrentando problemas ao tentar atender às demandas da população ultraortodoxa, onde exibições públicas consideradas imodestas ou sem aprovação rabínica são evitadas e podem levar a vandalismo ou boicotes organizados.

Fotos de mulheres, incluindo meninas e até bebês, geralmente são mantidas fora de jornais, propagandas, marcas de produtos ou qualquer outro material impresso voltado para os ultraortodoxos.

A foto dos adesivos sobre os produtos foi tirada pela assistente social Galit Siton e rapidamente se espalhou online.

Nos comentários da foto muito usuários disseram que não fariam mais compras na farmácia ou na ainda maior rede de supermercados Shufersal.

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Em resposta à foto de Siton, membros do grupo de pressão pela igualdade de gênero Bonot Alternativa postaram avisos dizendo “Atenção, eles apagam as mulheres aqui”, do lado de fora de vários locais da Be em Israel.

Outros tomaram medidas mais drásticas, como Guy Ophir, um advogado local que postou um vídeo em seu Facebook confrontando o gerente da filial dentro da loja e exigindo que os adesivos fossem removidos por serem desrespeitosos com as mulheres.

O gerente da filial respondeu que só removeria os adesivos se recebesse ordem para fazê-lo e a polícia foi chamada ao local para forçar Ophir a sair. Em comunicado, a Shufersal disse que a filial de Bnei Brak foi projetada especialmente para a comunidade ultraortodoxa que atende, acrescentando que esta é a única loja que esconde o rosto das mulheres.

De acordo com o diário de negócios TheMarker, os rabinos locais ameaçaram declarar um boicote contra a loja se a empresa não cumprisse as exigências de esconder o rosto das mulheres. Be chegou a um acordo com os rabinos para contratar um “supervisor casher” na loja para supervisionar o cumprimento de suas exigências, informou o TheMarker.

Uma pesquisa informal no Twitter de Yaya Fink, uma ativista ortodoxa do Partido Trabalhista que fundou um grupo neste mês com o objetivo de organizar consumidores para apoiar lojas boicotadas pelos ultraortodoxos, descobriu que a maioria pensava que Be era um alvo legítimo para um boicote por seu grupo.

A discriminação contra as mulheres na esfera pública ultraortodoxa é comum em Israel.

No início deste mês, surgiu um vídeo de homens haredi negando a entrada de uma mulher que tentava embarcar em um ônibus. E nesta semana, um anúncio em Beit Shemesh que pedia que meninas pequenas não brincassem onde os homens pudessem vê-las recebeu a condenação e acusações de que estava apoiando a pedofilia.

Fotografias de mulheres em outdoors ou cartazes em Jerusalém e outras cidades são regularmente desfiguradas.

Na capital, a cooperativa de ônibus Egged foi processada várias vezes por se recusar a permitir anúncios com fotos de mulheres em ônibus que trafegam por áreas ultraortodoxas.

Em Rosh Ha’ayin, uma cidade secular, muitas pessoas reclamaram nos últimos dias depois que a cidade começou a vender ingressos para um show infantil, com apenas homens autorizados a sentar nas primeiras 10 filas e mulheres relegadas às últimas filas do auditório.

Apenas 39 dos 600 assentos do local estão sendo vendidos para famílias que desejam sentar juntas.

“Quando você começa a normalizar a segregação de gênero na esfera pública e o apagamento das mulheres de qualquer aparição pública, acaba com incidentes horríveis como os que vimos nos últimos dias”, disse Uri Keidar, diretor executivo da Israel Hofsheet, uma ONG que lida com questões religiosas e estatais.

A cidade negou segregar o local por gênero e disse que os assentos foram organizados para que o evento familiar pudesse ser usado por todos de acordo com suas necessidades.

Fonte: The Times of Israel
Foto: Captura de teles do Twitter de Stav Ella, usada de acordo com a Cláusula 27a da Lei de Direitos Autorais

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