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A corona em Israel e o futuro

Por Tzvi Henrique Szajnbrum

Esse é certamente um dos artigos mais difíceis que escrevi nos últimos 12 anos e não é demagogia, mas sim um alerta para que entendam a seriedade da situação que estamos vivenciando.

Leia até o fim, e se achar relevante pode comentar aqui no site, mesmo que não seja a favor da minha opinião.

Essas não serão tampouco palavras de conforto e nem mesmo de alarme, mas sim um alerta para que se preparem corretamente para a nova realidade que está sendo criada no Estado de Israel hoje perante a crise da corona vírus.

A nova corona vírus, oficialmente chamado SARS-CoV-2, causa a doença COVID-19 e não é nada novo, mas a reação pandêmica que está causando é algo inexplicável.

Assim como a Corona chegou, ela vai desaparecer e certamente com rapidez, porém “rapidez” é algo relativo e estamos falando de 500 mil a um milhão de contaminados pelo menos (não necessariamente mostrarão sintomas do vírus). “Tempo” é algo relativo se compararmos com anos ou décadas, algumas semanas acabam passando despercebidas no contexto da história.

Por quantas epidemias a humanidade já enfrentou?

No decorrer dos séculos, centenas de milhões de vidas foram devastadas por epidemias como, por exemplo, a peste Negra (bubônica) que dizimou no século 14 quase a metade da população europeia ou ainda a peste Persa em 1772 que matou dois milhões de seres humanos, para citar alguns exemplos.

Para aqueles que querem saber mais eu aconselho a examinar a lista de epidemias da Wikipedia (https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_epidemics).

“Epidemia” ou “Pandemia” ou os dois em combinação?

Embora os termos possam sugerir que há um limiar específico pelo qual um evento é declarado um surto, epidemia ou pandemia, a distinção é frequentemente discutida mesmo entre os epidemiologistas.

O fator “pânico” é mais destrutivo do que a própria epidemia.

A “histeria epidêmica”

Essa é sem dúvida parte muito relevante dessa nossa atual crise com a coronavírus ou quem sabe, é o problema essencial da crise atual o que torna o fator psicológico em um dos fatores mais importantes e danosos nessa crise atual.

A população continua a usar máscaras que servem na vasta maioria (90%) somente para enriquecer os produtores de máscaras. O álcool gel usado pela população é um excelente produto para enriquecer os fabricantes, mas não ajuda em nada para conter o vírus. Existem formas gratuitas e simples em vez de usar produtos que não são efetivos, porém, até mesmo o governo continua a incentivar a população a usar esse produto caro e desnecessário e para quem entende basta um pingo no “I”.

Entre o falso e o verdadeiro, existe um abismo. Aconselho a ler o que os especialistas têm a dizer sobre o assunto aqui nesse link: https://www.hopkinsmedicine.org/health/conditions-and-diseases/coronavirus/2019-novel-coronavirus-myth-versus-fact

Israel e a corona vírus – atual crise de 2020

Nunca na história da humanidade (em tempos de epidemia), qualquer nação se comportou, tão histericamente e irracionalmente como o Estado de Israel e outras nações já estão “copiando” a reação histérica israelense.

Nunca os direitos humanos foram tão desconsiderados, com tanta rapidez e facilidade como está acontecendo em Israel nessa crise, mas por incrível que pareça, a população ainda está completamente apática.

Nunca o planejamento de uma crise foi feito não por um governo legítimo, mas sim por um punhado de membros de um parlamento temporário, num Estado sem governo porque não conseguiram, mesmo depois de três eleições consecutivas, ter maioria para governar.

Nunca em tempos de paz a intervenção militar foi outorgada alarmantemente ao exército israelense como está sendo nessa crise.

Eu diria que o comportamento do atual governo é um comportamento totalmente Winogradi (veja a descrição aqui: https://en.wikipedia.org/wiki/Winograd_Commission), ou seja, comportamento a partir do receio de como serão julgados amanhã pela próxima Comissão Parlamentar de Inquérito.

A diferença entre nossa crise da Corona vírus para outras epidemias

A diferença para a maioria de nós é muito simples: Nós estamos vivendo a crise hoje, aqui e agora e não estamos só lendo sobre a crise, e somos nós que pagaremos o preço pelo comportamento atual e a conta será altíssima.

Não se usa uma banana de dinamite para matar uma mosca porque mesmo que consiga matar a mosca, os danos colaterais serão muito mais sérios do que deixar a mosca viva.

O índice de desemprego em Israel em novembro de 2019 era de 3,9% e ficou nesse patamar até a semana passada.

A previsão semioficial semana passada, era de mais 80 mil novos desempregados até o fim dessa semana, porém somente nos dois últimos dias, 350 mil novos desempregados entraram com pedidos de auxílio desemprego. Até o fim desse mês, o número divulgado hoje é que o total de desempregados deve alcançar um milhão de pessoas no mercado de trabalho.

Esses números são uma verdadeira catástrofe em uma população de cinco milhões de empregados. Com certeza, depois da crise, o número de desempregados deverá diminuir rapidamente e drasticamente, mas a previsão de retornar ao nível de menos de 4% é que levará anos para ser alcançada.

Seguro desemprego Hoje

Se você está tentando chegar pessoalmente ou usar o site da repartição do Seguro nacional (Bituach Leumi) ou Ministério do Trabalho (Lishkat Avoda) e não consegue, não se abale, tenha paciência e tente em horários diferentes – o site está congestionado. Não tente ir pessoalmente e não há necessidade. As repartições não estão recebendo público algum. Não pense que o seguro desemprego vai ser suficiente para sustentar sua família e não acredite na mídia quando dizem que o governo está facilitando o recebimento. Existe uma certa flexibilidade e nada mais.

O amanhã

No passar da crise, nada será como antes, mas infelizmente estamos tão preocupados com o presente que estamos esquecendo o futuro.

Nem todos retornarão aos seus empregos, centenas de indústrias fecharão suas portas para sempre, a aviação e o turismo voltarão a funcionar, mas os preços subirão substancialmente e assim por diante.

Como sempre depois de crise, o número de divórcios vai disparar (geralmente chegando a 20% de aumento depois dos feriados longos em Israel) assim como os casos de violência doméstica. Evite atritos, evite brigas, respire fundo e se lembre de que tudo vai passar.

O número de falências está previsto para quadruplicar e o sistema jurídico que já estava saturado vai precisar de muitos meses para se recuperar. Os casos na justiça estão se avolumando sem serem tratados. Não existem audiências, assim sendo, as audiências marcadas serão remarcadas com datas posteriores e com meses de adiamento.

Consultas médicas estão sendo adiadas por dois a quatro meses dependendo da área médica, tenha paciência.

O número de transações imobiliárias que, hoje, é quase inexistente, vai diminuir drasticamente e os preços vão cair, porém o problema mais sério e crucial será com os pagamentos das hipotecas que vão atrasar assim como empréstimos para compra de veículos.

Se o governo não tomar uma medida urgente vamos ver muitos imóveis e veículos sendo retomados pelos bancos credores.

Se preparar para o novo amanhã

Os autônomos serão os mais afetados e precisam se reinventar. O que existiu ontem não poderá existir amanhã. As dívidas não vão desaparecer; a ajuda do governo de 6.000 shekels é patética – apenas uma gota no oceano. Se você é autônomo lembre-se que não receberá seguro desemprego, mas continuará a pagar suas contas.

O sistema bancário e o sistema financeiro paralelo

Esses certamente não vão abrir mão de absolutamente nada inclusive dos juros, muito pelo contrário. Milhares de israelenses andam recebendo mensagem em todos os tipos de mídia onde estão sendo oferecidos empréstimos com juros baixos, empréstimos para automóveis, novas hipotecas muito atrativas, cartões de crédito oferecendo empréstimos ou um melhor parcelamento de suas dívidas.

Esta é uma armadilha financeira – fique longe de todas essas ofertas

Estabelecimento rabínico

Com certeza esse assunto é muito delicado para muitos inclusive para o autor desse artigo mas não posso me dar ao luxo de não criticar a atitude do estabelecimento rabínico, sua novas “regras” irracionais e o medo que vem mostrando.

Decretar quarentena a vida judaica como a conhecemos por mais de 3000 anos? Não é um menos que um crime contra todos nós que seguimos o judaísmo. Essas “regras” (Piskey Halacha) estão deixando muitos com uma sensação errônea que “em tempo de crises tudo é permitido” como por exemplo: Cancelar reza em minyan, cerrar as portas das sinagogas, cancelar estudos em yeshivot, dizer que é melhor comer chametz do que pegar o vírus etc.

Existem aqueles que agora acreditam que o Rabinato chefe de Israel deve adiar o Pessach! Sim, adiar o feriado e até entraram com um pedido no Supremo Tribunal (Bagatz).

O que pode ser feito para amenizar a queda

O recomendável é tentar novas parcerias, diminuir os gastos drasticamente mesmo que o nível de serviço que está acostumado a dar aos clientes seja afetado. Não faça contratos de longa duração e se lembre de que andou acumulando dívidas até mesmo com os pagamentos dos impostos que estão sendo adiados, mas não cancelados e nem reduzidos.

Para os assalariados (a maioria da população) é bom lembrar que suas férias são parte da história e se você saiu de férias não remuneradas, mas ainda assim recebe salário, esse é por conta de suas férias ou auxílio desemprego que é muito limitado. Se você não voltar ao seu emprego, terá que competir com um número muito maior de empregados para cada cargo porque não haverá trabalhos para todos e o salário que será oferecido devido à demanda será mais baixo! Os planos de aposentadoria serão afetados e pelo tempo que não trabalhou, não serão pagas as mensalidades.

Como se comportar e o que não deve esperar

Não se comporte como se nada tivesse acontecido, não são férias apesar de parecerem férias.

São tempos diferentes e complicados que terá que enfrentar no futuro próximo e por isso comece hoje a planejar seus gastos de maneira diferente cortando todo o supérfluo. Ou seja, terá que mudar seu estilo de vida daqui para frente.

Diz o provérbio que quem se prepara para o Shabbat, tem o que comer no Shabbat.

Agora você deve se preparar muito metodicamente para os próximos Shabatot porque eles serão difíceis para todos. Não espere a crise terminar e não deixe para amanhã os preparos, especialmente do próximo feriado de Pessach que é o feriado mais oneroso na vida do israelense – economize, faça o mínimo e se lembre que esse não será seu último feriado e terá oportunidade de fazer outros melhores e mais prazerosos.

Não espere que o governo venha ser sua ancora de salvamento e não conte com terceiros. Está em suas mãos como controlar a situação hoje, minimizando os prejuízos de amanhã.

As vozes “diferentes” ou dissonantes

Como eu, existem muitos outros profissionais no campo da medicina, pesquisa médica, psicologia, antropologia etc. que não concordam com a atitude irracional do governo e dos líderes mundiais, mas escolhi acrescentar nesse artigo a voz de um dos mais famosos autores e historiadores dos tempos modernos: Yuval Noah Harari, autor dos best-sellers “Sapiens” e “Homo Deu-s.

Muitas pessoas culpam a epidemia de coronavírus pela globalização e dizem que a única maneira de evitar mais surtos desse tipo é “desglobalizar” o mundo. Construa muros, restrinja viagens, reduza o comércio. No entanto, embora a quarentena de curto prazo seja essencial para interromper as epidemias, o isolacionismo de longo prazo levará ao colapso econômico sem oferecer nenhuma proteção real contra doenças infecciosas. Exatamente o oposto. O verdadeiro antídoto para a epidemia não é a segregação, mas a cooperação.

“Xenofobia, isolacionismo e desconfiança agora caracterizam a maior parte do sistema internacional. Sem confiança e solidariedade global, não seremos capazes de parar a epidemia de coronavírus, e provavelmente veremos mais dessas epidemias no futuro. Mas toda crise também é uma oportunidade. Esperamos que a epidemia atual ajude a humanidade a perceber o grave perigo que representa a desunião global.”

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