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Israel mostra, a ONU e o mundo não querem saber

Por David S. Moran

Na terça-feira (29/9) o Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez o seu discurso anual para a Assembleia Geral da ONU, desta vez gravado, devido à pandemia. O recinto, em Nova York, estava quase vazio, pelo mesmo motivo, mas o recado foi dado a quem quer saber.

Netanyahu, no seu polido inglês, revelou ao mundo, graças ao enorme esforço do Serviço de Inteligência, algumas dependências bélicas da organização terrorista Hizballah que estão localizadas no bairro de Jalah, bem meio de Beirute e que apresentam enorme perigo aos habitantes da capital libanesa.

Após inúmeros ataques aéreos à Siria, desde a fronteira com o Iraque e até a fronteira com o Líbano, alvejando armazéns e comboios que estocam ou levavam peças para a fabricação de mísseis de alta precisão e os destruir, Netanyahu quis desmascarar e mostrar aos libaneses e ao mundo que perigo a Hizballah apresenta.

Ocorre, que todos sabem. Os serviços de inteligência do mundo trocam ideias e informações nos corriqueiros encontros, principalmente entre os países aliados e ou com os mesmos interesses. Os formadores de opinião pública também recebem informações e o público em geral absorve as informações que lhe agradam ou lhe são importantes.

Israel já provou inúmeras vezes, mesmo arriscando certas fontes, que as organizações terroristas que o combatem usam meios civis como escudo protetor. Isto foi revelado quando Israel batalhou em Gaza e mostrou que até mesmo nos porões de escolas da UNRWA – agência da própria ONU, que trata dos refugiados palestinos – e nos de hospitais e até mesquitas, há arsenais escondidos e até mesmo quarteis generais da Hamas e/ou da Jihad Islâmica. Estes se escondem atrás de civis e/ou dependências civis que se atacadas, podem lhes servir na sua propaganda contra Israel.

Vejam só, que depois desta revelação do Netanyahu, que vem a menos de dois meses da terrível tragédia com a explosão do estoque de nitrato de amônio, da Hizballah, no Porto de Beirute, que além de vítimas humanas, afetou construções a até 10 km do epicentro da explosão, ninguém condenou o fato revelado. O mundo segue girando e a caravana passa.

Em outras resenhas publiquei meu testemunho de que nos porões do hospital palestino no campo de refugiados de Ein al Hilue, vi milhares de fardas da OLP e presença militar desta organização, que então Israel combatia no Líbano (1982) e fez o Arafat deixar e sair para a Tunísia.

O Netanyahu lutou muito contra a desenfreada corrida nuclear do Irã e mundo não quis saber. O Trump saiu do acordo nuclear das seis potências. Rússia, China, França, Inglaterra e Alemanha, viraram os olhos para outro lado e até criticaram os EUA por deixarem o acordo. O Mossad foi até Teerã e, numa façanha inacreditável, trouxe documentos armazenados e CD’s do projeto nuclear iraniano. Por seus interesses os cinco países não deram ouvidos.

Quem aproveitou a divisão e a fragilidade das potências foi a liderança iraniana, que continua a ameaçar, intensificando o enriquecimento do urânio para, num curto tempo, chegar a ter combustível para montar bombas atômicas, que serão ameaça mundial.

A Força Aérea israelense foi até o Iraque do Sadam Hussein e destruiu a sua usina nuclear, em 1982. Depois de identificar a camuflada usina nuclear síria, que estava sendo construída, em Deir a Zur, leste da Síria, a Força Aérea de Israel, foi lá e a destruiu, em 6 de Setembro de 2007, sem admitir o fato, até 10 anos depois. Na ocasião, o governo sírio desmentiu o ataque a “research farm” (fazenda de pesquisas). Esta serviria para produzir plutônio, com a ajuda da Coreia do Norte, pelo visto a serviço do Irã.

O mundo está correndo perigo, não só do coronavírus. Os radicais islamistas não param de se reinventar. É só procurar saber quem mais está envolvido em matanças e desastres no mundo. Quem está mais chantageando o mundo e privando seus próprios cidadãos de estudos, liberdades, melhores condições de vida. O mundo ficou apavorado, quando a organização terrorista, chamada Estado Islâmico, com voluntários muçulmanos de muitos países inclusive ocidentais, lutou contra exércitos e foi conquistando terreno, principalmente no continente asiático. Depois de serem derrotados em vários combates, parece terem desaparecido, mas não. O Estado Islâmico continua lutando, mesmo na Síria, mas passou a outros lugares, como Sinai e países africanos, sob vários nomes.

Voltando ao Líbano, que já foi chamada da Suíça do Oriente Médio e era próspera. Os cristãos fugiram e continuam a deixar o país por receio dos radicais xiitas. Depois da explosão em Beirute, o Presidente da França, Macron, foi estudar como seu país pode ajudar o Líbano. Vendo o caos político, agora agregado ao econômico, causado pela Hizballah, que atua como um estado dentro do Estado, Macron disse (27/9): “Hizballah não pode dizer que é partido político de um Estado democrático, impondo o terror à população libanesa, com suas armas”. Em menos de um ano, o Líbano teve três primeiros ministros: Saad Hariri demitiu-se em outubro de 2019. Hassan Diab governou de janeiro a agosto deste ano, substituído por Mustapha Adib, depois da explosão, e já se demitiu.

O perigo no Oriente Médio não é e nunca foi a existência do Estado de Israel, que trouxe inúmeros benefícios ao mundo. Esta acusação foi para apontar um bode expiatório. O perigo real são os radicais islamistas e a instabilidade politica na região.

Há países árabes e muçulmanos que já entendem que é melhor avançar. Infelizmente, há muitos países, inclusive no Ocidente, que não querem enxergar a pura realidade.

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