O perigo iraniano cada vez maior

Por David S. Moran

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou que está encerrando dois inquéritos contra o Irã. Eles tratam da procura de resíduos de urânio enriquecido a 83,7%. Isto lhe daria duas semanas para chegar ao enriquecimento de urânio de 90% e ter bomba atômica. Há avaliações de que o Irã está a apenas alguns meses, ou até dois anos, em desenvolver arma nuclear e o míssil para lançá-lo.

A Comunidade Internacional não sabe como lidar com o Irã. Os EUA procuram meios de chegar a um acordo com o país dos aiatolás. Em 2015, foi assinado um acordo entre as cinco potências mais a Alemanha, com o Irã, que permitia a este país enriquecer urânio até 20%. Seria para fins pacíficos e de energia, apesar do Irã ser um grande exportador de petróleo. O Irã assinou o acordo para sair de sanções e poder exportar mais petróleo, obtendo divisas, mas não pensou nenhum minuto em respeitar o acordo.

Em maio de 2018, o presidente Trump foi convencido de que o Irã não cumpria os termos do acordo e os EUA retiraram-se do mesmo, reestabelecendo as sanções.

Ao contrário dos reatores nucleares no Iraque e na Síria, que estavam numa localidade, o Irã os construiu em várias localidades, inclusive em grande profundidade e em montanhas rochosas, que são mais difíceis de serem atacadas (veja no mapa de 2015).

O fechamento dos inquéritos contra o Irã, que foi anunciado pelo chairman da AIEA, só pode levantar as sobrancelhas, devido ao que disse: “as explicações iranianas não são confiáveis ou possíveis de ponto de vista técnico”. Então deviam continuar. Só se há uma mão misteriosa que mexeu nestes inquéritos. A administração Biden está tratando com o Irã de chegar a um novo acordo e está afastada do governo israelense de Netanyahu. O objetivo do Biden é desacelerar a corrida do enriquecimento de urânio para que não tenha que intervir, com Israel, ou sem Israel. O Irã está muito interessado em acordo para descongelar bilhões de dólares e continuar a exportar livremente petróleo. Isto, na sua visão não necessariamente, significa tirar o pé do acelerador. São profissionais em enganar todos.

O Irã aumentou o seu estoque de urânio enriquecido e tem atualmente 4.744 kg, quando em 2015, tinha apenas 202,8 kg. São 23 vezes a mais.

Segundo o semanário inglês The Economist Israel necessitará de avião cargueiro KC-46 para poder realizar ataque no Irã e só o obterá, em 2025. Isto para poder bombardear a usina nuclear sigilosa, descoberta por Israel, nas profundezas das montanhas de Zagros, perto de Natanz.

Israel alerta a toda hora que atacará o Irã, com os EUA ou sozinho, se achar que já está chegando a poder usar bomba atômica e com razão. O pensamento dos clérigos xiitas não é o do mundo Ocidental. Para eles o sacrifício e a morte fazem parte do martírio.

O presidente de Israel, Itzhak Herzog visitou (30/5) o Azerbaijão e encontrou-se com as maiores autoridades do país. Este país, muçulmano xiita, é fronteiriço com o Irã e entre os dois países há hostilidade. As relações entre Israel e Azerbaijão são muito boas e esta é a principal fornecedora de petróleo a Israel. Azerbaijão compra de Israel material bélico e agrícola. O motivo da viagem foi tratar de assuntos de cooperação militar e diplomáticos. Há muitos rumores, não oficializados, de que se Israel atacar o Irã, passará pelo espaço aéreo de Azerbaijão.

Um ilustre visitante em Israel é o General americano, Michael Kurilla, comandante de Centcom, que abrange desde Israel até o Golfo Pérsico. Nos últimos 14 meses, esteve em Israel oito vezes, inclusive duas vezes em maio último, presente aos exercícios de grandes proporções das Forças Armadas de Israel (FDI). Estas simularam a contenção de ataque contra o país de muitas fronteiras. Os constantes ataques da Força Aérea de Israel na Síria visam alvos iranianos neste país.

O Irã não dorme no ponto. Durante os últimos anos, melhorou muito suas relações com a Rússia (rival na guerra civil síria), principalmente desde a invasão russa na Ucrânia. O Irã é o principal fornecedor de drones de ataque à Rússia. Para o azar de Israel, seus aliados árabes, como Bahrein, Emirados Árabe Unidos e até a Arábia Saudita, que estava prestes a ter relações diplomáticas com o Estado Judeu, reataram relações com o Irã. Não que o seu temor dos radicais clérigos muçulmanos xiitas tenha passado. Com a falta de interesse americano pela região, preferiram incorporar o lema “if you can’t beat them, join them” (se você não pode vencê-los, junte-se a eles). O Irã acaba de reabrir sua embaixada em Riad (6), depois de sete anos. Há rumores de que o Egito também não quer ficar de fora. No momento, os EUA do Biden deixaram de lado o Oriente Médio e isto dá sinais na região. A aparente aproximação entre os EAU, a Arábia Saudita e outros ao Irã, – países que estiveram envolvidos na guerra civil iemenita contra os houtis apoiados pelo Irã – deixaram seus aliados e agora está tudo nas mãos dos houtis e seus aliados iranianos.

Além disso, o Irã é o “patrono” da Hizballah no Líbano e o Nasrallah, que ameaça revidar e atacar Israel, se este país atacar o Irã. Este país também tem suas proxies na Faixa de Gaza, o Jihad Islâmico e a organização terrorista Hamas. O Ministro da Defesa de Israel, Yoav Galant advertiu o Irã de que temos respostas às suas ameaças. Referindo se a Hizballah, advertiu que “se fizer o erro e atacar Israel, nós a enfrentaremos e o Líbano voltará a idade da pedra”.

O Irã apresentou esta semana um míssil supersônico, o Fatah, que segundo eles dizem tem alcance de 1.400 km. Há duas semanas, o Irã revelou o míssil balístico, Khaibar, que tem raio de 2.000km e pode transportar ogiva de 1.500 kg. Khaibar foi uma cidade judaica conquistada por Maomé e seus seguidores muçulmanos que a massacram e destruíram.

É inacreditável como o “mundo” levianamente e sem seriedade trata as ameaças do Irã que fala abertamente seu objetivo de destruir o Estado de Israel, país membro da ONU. Suas ações são bem claras e não necessitam de grandes analistas para ver o Irã tornar se potência regional e com a arma nuclear subjugara seus vizinhos a sua vontade, além de desencadear uma corrida nuclear na região. Poderá desafiar também os vizinhos muçulmanos sunitas, wahabistas, a Europa e os Estados Unidos.

Atualmente estamos vivenciando o absurdo da invasão russa à Ucrânia deixando milhares de mortos e destruição e este flagelo não é mais manchete nos meios de comunicação. A guerra civil no Sudão que teve reinicio há algumas semanas, já deixa milhares de mortos e milhões de refugiados e ninguém se importa com isso. Onde está a comunidade internacional, onde está a ONU quando mais se precisa dela? Será que eles só se preocupam com um palestino que é morto por soldado israelense, quando tentou mata-lo?