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A “democracia” iraniana

Por David S. Moran

O termo democracia vem do grego e significa, “o poder (força) do povo” em escolher seus representantes. O Irã é uma velha potência regional, mas, desde 1979, se tronou a República Islâmica do Irã. O aiatolá, Khomeini, que se asilou na França, conseguiu levantar do Ocidente, uma revolta clerical que atualmente representa um perigo ao mundo todo, apesar de declarar que “só quer eliminar o regime Sionista”, isto é, o Estado Judeu de Israel.

A eleição presidencial de sexta-feira (18) foi realizada para tirar da presidência o atual “moderado” Rouhani, que já cumpriu dois mandatos e não lhe permitiram tentar nova reeleição. Cerca de 600 pessoas apresentaram candidatura ao posto e a grande maioria foi imediatamente desqualificada pela “vontade do povo e do divino” líder espiritual (que nunca é votado, até a morte), “o misericordioso” Ali Khamenei, que manda no “Conselho Cuidadores da Constituição”. No páreo ficaram sete candidatos, dos mais radicais e na última hora três desistiram. Quem liderava em todas as pesquisas, foi (surpreendentemente) o “escolhido” radical, Ebrahim Raisi.

No sábado (19) já foram publicados os resultados das eleições. Para a grande surpresa, o leal Raisi de 60 anos, foi eleito por 62% dos votos. Segundo a agência de noticias Fares, 27 urnas foram abertas nos EUA, onde vivem 1,5 milhão de iranianos. A única manifestação de descontentamento popular foi a baixa porcentagem de eleitores, só 45% foram as urnas, cerca de 30% a menos das eleições passadas.

Quem é Ebrahim Raisi. O novo presidente que será empossado no dia 3 de agosto é um radical islâmico, de 60 anos, conhecido pelo título de “o carrasco de Teerã”. Mereceu esta alcunha quando, em 1988, ordenou a execução de milhares de presos políticos. É leal ao líder espiritual, Khamenei de 81 anos e possível sucessor dele. Com sua nomeação ao posto, o radicalismo xiita fortalece sua posição.

Irã e a corrida nuclear

Embora sofrendo grave crise econômica, devido às sanções dos EUA, o Irã jamais parou a sua tentativa de alcançar arma nuclear, seja através de enriquecimento maior de urânio, seja desenvolvendo maior potencial aos seus foguetes, que seriam lançados com ogivas nucleares. Sempre enganando as agências internacionais, como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), os países ocidentais e as potências mundiais. Segundo o Acordo de 2015, em 2023, o Irã não mais terá restrições para desenvolver mísseis. Três anos mais tarde, não terá mais restrições para pesquisar e desenvolver energia nuclear e, já em 2031, poderá retornar ao completo enriquecimento de urânio.

Os grandes opositores ao plano nuclear e o acordo nuclear iraniano são Israel e, até há pouco tempo, o governo Trump. Acredite ou não, a estes dois países, acrescente os países árabes da região como a Arábia Saudita, Emirados, o Egito, a Jordânia, entre outros, que não se manifestam por temor. A Rússia, do Putin, a China, a Turquia e a Síria, com a França, Inglaterra e a Alemanha, não se opõe, por motivos geopolíticos e econômicos.

Todos sabem que os radicais xiitas do Irã, estão avançando na sua meta e não medem esforços para alcançá-la, primeiramente para varrer o Estado de Israel do mapa e lhes dão a mão, para consegui-lo. A China assinou contrato de ajuda civil e militar com o Irã de US$ 400 bilhões por 25 anos. Neste mundo de desinformação e de Guerra Psicológica, Israel está cada vez mais preocupada com o avanço das negociações para o novo acordo dos P+1 com o Irã. De nada adiantou o Mossad trazer de Teerã, numa operação que nenhum filme de ficção imaginaria, os arquivos e papelada original dos segredos nucleares. Nem mesmo o Diretor Geral da AIEA, Rafael Grossi, falar abertamente das aberrantes violações do Irã e de suas ameaças, adiantaram.

A linha dura e perigosa, dos clérigos radicais iranianos foi mais uma vez provada na eleição do Ebrahim Raisi. No Ocidente, poucas vozes judiciárias e de organizações dos Direitos Humanos, soaram o alarme, sabendo que o responsável pelo assassinato de milhares de pessoas, foi eleito presidente do Irã. Amnesty Intl. foi uma das exceções, publicou uma nota dizendo que “Raisi devia ser julgado por crimes contra a Humanidade e não eleito presidente do Irã”. Para fazer maior pressão sobre o Ocidente, a delegação iraniana parou as negociações, acusando os Estados Unidos, de estar longe das demandas/chantagens iranianas.

Ultimamente, uma série de sabotagens ocorreu no Irã. Neste mês foi noticiado que o maior navio de guerra iraniano atingido no Golfo de Omã, se incendiou e se ouviram muitas explosões, antes de mergulhar nas águas profundas. Um dia depois, fogo eclodiu num oleoduto perto da cidade de Ahvaz, no sudoeste do país. Pelo visto a origem foi numa explosão ocorrida numa refinaria nos subúrbios de Teerã, que se alastrou. Ao mesmo tempo, Irã continua provocando os EUA, ao enviar navios de guerra ao seu “quintal traseiro”, a Venezuela. Ademais, na quarta (23), o regime islâmico informou ter abortado atentado para explodir o edifício da Organização de energia atômica, perto de Teerã. No local, próximo a cidade de Karaj, os iranianos fabricam centrífugas, que foram destinadas a usina nuclear de Natanz, que sofreu ataque e centenas de centrífugas foram destruídas. As que são ali fabricadas são mais avançadas e poderiam enriquecer mais urânio e em prazo menor. O jornal New York Times revelou que este objetivo foi apresentado no ano passado ao presidente Trump, como vital.

Infelizmente, apesar de todos os esforços, os radicais do Irã, continuam seu objetivo. O Pentágono revelou que no dia 12 de junho, o Irã fracassou na tentativa de lançar míssil ao espaço, no entanto há indícios, de que já está preparando nova tentativa. Pelas informações que são vazadas das negociações, há avanços, para o pesar de Israel e dos mais lúcidos. Sinais desse avanço notam-se no congestionamento de navios petroleiros, ocasionado pela produção maior de petróleo dos poços iranianos. A China os receberá, por valor baixo e só está esperando levantar o embargo ao Irã. Dias melhores hão de vir.

Há 40 anos, Israel destruiu reator Iraquiano

O louco ditador iraquiano, Saddam Hussein, com ajuda francesa construiu reator atômico no subúrbio de Bagdad. O seu objetivo foi o mesmo (como provou após 10 anos): atacar o Estado Judeu. Os vigilantes olhos do Serviço de Inteligência israelense, acompanharam o desenvolvimento do reator durante cinco anos. Na época, em1981, o Primeiro Ministro, Menahem Begin, deu luz verde ao ataque, que se tornou a politica oficial do país: “sob ameaça a nossa sobrevivência, reagiremos”, por medo de que os planos foram descobertos. Para a “Operação Ópera” foram escolhidos sete exímios e veteranos pilotos e um jovem piloto solteiro, sem experiência de combate, mas corajoso e inteligente, seu nome Ilan Ramon (depois tornou-se  Coronel da FAI e o primeiro astronauta israelense).

Os oito pilotos, sem GPS, combustível só para alcançar o reator a 1.100 km e voltar, num lugar desconhecido, tinham que voar sobre três países árabes hostis: Jordânia, Arábia Saudita e Iraque, lançar suas bombas e tentar voltar sãos e salvos. Durante meses treinaram o ataque e levaram em conta que os dois últimos, não retornariam vivos. Após a surpresa, a divisão antiaérea iraquiana tentaria abatê-los e os números 7 e 8 (Ilan Ramon) poderiam ser abatidos. Instruções que todo piloto conhece: não abastecer com motor ligado, ou não desconectar tanques de combustível removíveis, enquanto o caça está com bombas, foram nesta hora suspensas, por falta de alternativa. Não poderiam abastecer no ar e o combustível, mal permitia chegar ao alvo e tentar voltar.

Em 7 de junho de 1981, partiram da base aérea perto de Eilat, oito caças F16, acompanhados por seis F15 para lhes protegerem, num voo rasante e lento que pelas condições do vento fê-los voar para o norte e não ao sul, como planejaram. Para sua infelicidade, o rei Hussein, estava no seu iate, nas proximidades, em Aqaba. Sendo ele mesmo piloto, percebeu o voo israelense e pediu informar os sauditas e os iraquianos. Por desconhecida razão, esta sua instrução não chegou ao destino. Voaram baixo e incomunicáveis durante uma hora e meia. Nos últimos minutos, abriram os meios de transmissão, chegaram ao reator, viram-no, lançaram 16 bombas durante um minuto e meio e iniciaram o voo de retorno. A fumaça era tal que não se viam. O líder, piloto Zeev Raz, de 33 anos, pediu para cada um anunciar que está bem. Número 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, presentes. Número 8? Silêncio. Novamente procuraram o 8, Ilan Ramon…por fim ele respondeu. Sucesso mundial.

Foto: Arquivo da Força de Defesa de Israel. Os pilotos das FDI que participaram do bombardeio da Operação Opera do reator nuclear de Saddam Hussein em Osirak, em 1981.

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