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O histórico acordo de paz entre Israel e os Emirados Árabes Unidos

Por Deborah Srour Politis

Nesta última quinta-feira vivemos um momento verdadeiramente histórico. Depois de 26 anos, Israel assinou um acordo de paz com um país árabe, o terceiro desde seu nascimento em 1948. Os Emirados Árabes Unidos, finalmente decidiram sair do bloco do refrão palestino, agarrando a oportunidade de se tornarem o país mais influente no Golfo Árabe. O acordo tem o apoio declarado do Sheikh Mohamed bin Zayed, Príncipe Herdeiro de Abu Dhabi, bem como de outras figuras importantes da região.

Isso é importante porque os Emirados podem dizer que com este acordo, eles conseguiram sustar os planos de anexação de Israel mostrando-se como defensores dos palestinos. Isto não impediu, no entanto, que Mahmoud Abbas e seus Kapos fumegassem de raiva por toda a mídia na sexta-feira. A liderança política condenou o acordo chamando-o de traição dos árabes e dos palestinos. Na mídia social os palestinos disseram ter sofrido outra Nakba, ou catástrofe, chamando os Emirates de cachorros. O Hamas também não deixou por menos voltando a lançar mísseis para aterrorizar os residentes de Sderot na noite passada.

O Irã, a Turquia e a congressista americana-palestina Rashida Tlaib também expressaram desgosto chamando a família real de Abu Dhabi de ignorantes; chamando Israel de apartheid e racista e Trump de oportunista, usando o acordo “para se reeleger”.

Diferentemente dos acordos com o Egito e Jordânia, que levaram meses de especulação na mídia, este foi negociado quietamente e mostrou que o que não deixa Netanyahu dormir a noite, a sua prioridade, é a segurança do Estado de Israel.

Sim, ele teve a oportunidade desde o dia 1º de julho de aplicar a lei de Israel nas comunidades judaicas na Judeia e Samaria. Mas entre isso e fazer a paz com um dos países mais proeminentes do Golfo Árabe, incentivando outros acordos na região, Bibi escolheu a paz. Os próximos da lista são Bahrain e a Arábia Saudita e quem sabe até Qatar que já tem um papel como intermediário entre Israel e o Hamas.

Na superfície, tudo isso era esperado. Desde a década de 90, o segredo menos guardado no Golfo era a presença de israelenses que vinham fazer negócios. A aproximação foi lenta, mas intensa, culminando com a visita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a Omã em 2018, o plano de paz de Trump e a Conferência de Diálogo no Bahrein em 2019. Hoje os Emirados abriram as linhas telefônicas com Israel.

A crise do corona vírus aproximou ainda mais os Emirados de Jerusalém incluindo um acordo de cooperação entre duas empresas de defesa israelenses importantes e uma empresa dos Emirados. A discussão sobre a anexação então, apresentou uma saída para os Emirados e outra para Israel. Para os Emirados era imperativo que alcançassem alguma concessão de Israel para assinarem o acordo, e a desistência de anexação é algo bem grande. A base eleitoral de Bibi é fortemente apoiada no movimento da Judeia e Samaria e abandonar a anexação seria vista como uma traição muito grande de Bibi aos 600 mil judeus que moram além da linha verde.

Trump também pediu a Israel para suspender a anexação temporariamente porque ficou receoso que ela traria mais instabilidade para a região, talvez outra intifada e isso seria muito negativo para sua campanha para a reeleição. Sem este acordo com os Emirados, Bibi não tinha muito como justificar a não anexação para sua base. Com ela, ele sai como acomodando todos os lados.

Eu pessoalmente viajei muito pela região, especialmente no Kuwait. E posso afirmar que o povo destes países do Golfo não só respeitam muito os israelenses e judeus, mas esperavam ansiosos para que este dia chegasse.

Neste final de semana amigas e colegas de Dubai, Bahrain, Arábia Saudita e Kuwait me ligaram felicíssimos com o acordo e as novas possibilidades que a tecnologia israelense poderá trazer para a região.

O tema universal das conversas foi que finalmente seus governos se deram conta dos abusos e as chantagens que têm sofrido nas mãos dos palestinos em nome de um ideal que não mais faz sentido e sem qualquer ponto positivo. Que o financiamento dos palestinos todos estes anos não levou a qualquer melhoria para o povo ou os trouxe mais perto de uma paz duradoura, mas somente ao enriquecimento da liderança corrupta. Tão corrupta quanto a do Líbano que deixou o país destruído implorando para voltar a ser uma colônia da França!

Com Israel eles podem se beneficiar em todas as áreas, principalmente médica, agricultura e defesa. E a cereja do bolo para eles é que Israel não tem medo de enfrentar o grande bully da região que os têm ameaçado há décadas: o Irã.

Muitos em Israel estão duvidosos, pois com o Egito e a Jordânia, a paz é algo gelado. Mas estão errados. A diferença é que os povos do Egito e da Jordânia participaram de guerras contra Israel e sofreram a humilhação da derrota. O povo dos Emirados e dos outros países do Golfo não. Ainda, os Emires e príncipes são mais jovens, como o príncipe Salman da Arábia Saudita que tem 35 anos, e que se sente mais a vontade falando de Gal Gadot, Waze e Mobileye do que de Yasser Arafat ou seu sucessor Mahmoud Abbas.

Estes jovens líderes querem transformar os países do Golfo em centros culturais e de negócios; e estão fazendo de tudo para confrontar extremistas como a Irmandade Muçulmana e seus companheiros de viagem, o Hamas, o regime da Turquia e os Houthis do Yemen.

A aproximação com Israel é uma escolha óbvia. O Estado Judeu compartilha estas preocupações com o Irã e a Irmandade Muçulmana. Mas para ter relações abertas, alguma coisa teria que se mexer na questão palestina. A flexibilidade e inteligência de Bibi abriram as portas porque para ele, o que mais importa é forjar aliados na região para proteger Israel do Irã.

Os Emirados Árabes foram em frente, e isso irá aumentar sua estatura na região. Para o Bahrain e a Arábia Saudita, o apoio americano ao acordo é fundamental para suas próprias aspirações de um acordo com Israel. De acordo com amigos de Bahrain o país estava pronto a um acordo com Israel há mais de 10 anos, mas não podia fazer nada sem o apoio da Arábia Saudita. E os sauditas não queriam ser o tubo de ensaio deste experimento.

A pergunta agora é como o Qatar irá se posicionar, pois o que não falta lá é oposição a laços mais estreitos com Israel. Vamos ter que esperar para ver. Por enquanto, os Emirados Árabes fizeram uma escolha ousada e se colocaram no centro de uma nova formulação de políticas estratégicas no Golfo.

Para Bibi, esta é mais uma conquista para colocar em seu currículo ao lado da mudança da embaixada americana para Jerusalém, do reconhecimento da anexação das colinas do Golã, dos incentivos às empresas de tecnologia; sem falar de ele confrontar, até hoje, e sozinho o maior patrocinador do terrorismo, o Irã e de ter exposto seus programas nucleares ilícitos; de ter conseguido, contra a vontade de Obama, que o Congresso americano aplicasse sanções sem precedentes a Teerã. Sem Bibi, o Irã já seria uma potência nuclear e talvez hoje nem tivéssemos mais os Emirados para fazer acordo.

Os patéticos que protestam contra ele todas as noites em Jerusalém por acusações idióticas de corrupção, não apresentam qualquer alternativa. De qualquer maneira, Bibi já fez o suficiente para garantir seu lugar na história como um dos maiores líderes que Israel já teve. Sob sua liderança Israel se tornou uma estória de sucesso. E apesar de ter toda a mídia e a esquerda histérica contra ele, vemos que Bibi continua em sua luta incansável para garantir o futuro de Israel.

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