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Há 80 anos começou a Segunda Guerra Mundial, nada mudou

Por David S. Moran

Após o ditador, carrasco e mega assassino Adolf Hitler armar-se até os dentes, sem a intervenção de outros países vizinhos europeus e dos EUA para tentar conter seu apetite, veio um momento épico. O então Primeiro Ministro inglês (de 1937 a 1940), o conservador Neville Chamberlain viajou à Alemanha para conversar com Hitler, pensando que ia parar a sua corrida armamentista. No final das conversas, Chamberlain voltou de avião à Inglaterra e como bom inglês levantou o seu guarda chuva e feliz clamou: “consegui, agora teremos paz mundial”. Conseguiu o que? Em setembro de 1938, assinou com Hitler o Pacto de Munique pelo qual os europeus sem levar em conta a vontade dos checoslovacos, se renderam ao tirano alemão e concordaram cortar a área dos Sudeto, onde vivia população de etnia alemã e a entregar a Alemanha.

Já alguns meses antes, em março de 1938, Hitler enviou suas tropas e com a ajuda dos nazistas austríacos realiza o Anschluss, isto é, a anexação ou afiliação da Áustria ao 3º Reich. A Áustria perde sua autonomia para se tornar uma provincia alemã. Aliás, pouco tempo depois, foi realizado um referendo e 99% da população austríaca aprovou a anexação à Alemanha. Por falar nisso, o próprio Hitler, pintor frustrado, era austríaco e não alemão.

Os ingênuos, como o premier inglês Chamberlain, acreditaram que satisfazendo o apetite do Hitler, que sem dar nenhum tiro conseguiu conquistar territórios no meio da Europa, conseguiriam conquistar a paz e isto apenas 19 anos depois da Primeira e devastadora Guerra Mundial.

Hitler tinha outros planos. No dia 1º de setembro de 1939, suas tropas invadem a Polônia e assim inicia a Segunda Guerra Mundial. Esta semana relembramos o 80º ano desta guerra. Nesta terrível guerra, na qual os nazistas queriam exterminar os judeus e fundar o 3º Reich, Hitler só trouxe sofrimento, mortes, dor e destruição à Europa. As estimativas são de que nesta guerra morreram entre 70 a 85 milhões de pessoas (cerca de 3% da população mundial em 1940), a grande maioria russos. O destaque dos judeus é porque este povo foi textualmente objeto de extermínio, como povo, como uma religião, e porque nos famigerados campos de concentrações foi assassinado um terço do povo judeu. Na época, o Estado de Israel ainda não existia como nação judaica independente.

Vamos passar rapidamente por décadas, a Europa sofreu muitas transformações, o leste europeu se desintegrou, países foram criados, a URSS foi dando lugar à Rússia que, sob o regime de Putin, tem certa nostalgia da URSS. O Estado de Israel foi criado, mas o sofrimento das tentativas de liquidá-lo, não terminou até agora.

Aí vemos que pouco ou talvez nada mudou. Os nomes são diferentes, mas as intenções de conquistas são as mesmas, talvez em outras regiões. O mundo senta, assiste e nada faz para que outro horror não aconteça. E não falo apenas de Israel. Os árabes, desde que controlam boa parte da energia mundial, viraram xeiques mesmo e o mundo os corteja. O povo curdo não consegue ter um Estado seu. Os cristãos são perseguidos em países como a China e outros. Na Síria viviam em 2011, 2.5 milhões de cristãos e atualmente são apenas 700 mil, menos de 4% da população. No Iraque, no começo deste século, viviam 1,4 milhão e agora ficaram menos de 200 mil. Não se ouvem as atividades ou ações de nações potentes ou mesmo de organizações internacionais como a ONU, que deveriam gritar até o céu. Organizações de Direitos Humanos importam-se mais com um palestino que foi atacado, ou não, por um israelense, do que com milhões de pessoas de outros povos que sofrem violência, mulheres estupradas e outras ações e desprovidos de tudo.

O mundo ingênuo não quer enxergar a realidade. Vejamos um país como o Irã. Até mesmo no islão, a seita xiita é minoritária. Calcula-se que os xiitas são apenas entre 10 a 15% dos muçulmanos, os outros são sunitas. O Irã não tem fronteiras com Israel, está a 1.742 km em linha aérea de Jerusalém. Apesar disso, o Irã desde a Revolução Islâmica que tomou o poder em 1979, declara que sua intenção é de exterminar o Estado Sionista. Dito isto inúmeras vezes por um país membro da ONU contra outro país membro da ONU e não há nenhuma atitude contra este país monstro. O mundo sabe e, se não sabe, o Serviço de Inteligência israelense e o Mossad trazem provas de que o regime dos aiatolás está totalmente dedicado a armar-se e desenvolver mísseis de longo alcance, como fez na década de 30 do século passado, um Hitler. O Irã exporta o seu mal a outros países, como ao Iraque, Síria, Líbano, Venezuela e até com presença na Tríplice Fronteira e nada, ou quase nada, é feito para conter os ditos “homens da religião”, que deviam trazer paz ao mundo.

Os países do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Inglaterra) e a Alemanha até assinaram acordo com o Irã, para que não desenvolva urânio, a fim de obter bomba atômica. Será desastroso para o mundo inteiro se a obtiver. O governo do Netanyahu se empenha muito em trazer ao mundo a consciência de que o Irã é uma ameaça mundial. O governo do Trump entendeu também e uma das primeiras medidas foi sair do acordo e impor sanções econômicas contra o Irã. Isto está surtindo efeito e a situação econômica iraniana está ruim. O regime de Rouhani parece pouco se importar com o povo e continua ameaçar Israel e confrontar o mundo.

O mal do Ocidente está na desunião. Na recente reunião do G7 em Paris, o presidente francês Macron surpreendeu os seus pares da reunião, convidou o Ministro do Exterior iraniano Zarif a Paris para promover encontro do Rouhani com o Trump. O presidente americano disse que estaria disposto, mas o iraniano logo foi avisando que antes teriam que acabar com as sanções econômicas e fez outras exigências. Dias depois, soube-se que ao invés dos Ocidentais se unirem contra a ameaça mundial, que é o Irã, Macron ofereceu ao Irã ajuda econômica no valor de 15 bilhões de Euros. A resposta do Irã foi que aumenta o enriquecimento de 10% a 20%. Pelo acordo não podia enriquecer a mais de 3.4%.

Infelizmente, após 80 anos de uma terrível guerra, historicamente a mais letal, enfrentamos ameaças similares e a desunião não consegue parar esta ameaça.

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