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Entre homens e mulheres (ensaios sobre a vida)

Por Mary Kirschbaum

“Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar…
Ai que bom que isso é meu D’us
Que frio que me dá o encontro
Desse olhar…”
                            (Vinícius de Moraes)

 

A missão de toda a Criação é determinada quase de imediato: E D’us disse: “Seja Luz”!

E a raça humana teria sido criada como uma só entidade e depois dividida em dois. Assim como cada pessoa se compõe de dois elementos, o corpo e a alma, homens e mulheres seriam os elementos da humanidade.

Segundo o judaísmo, a união entre eles é vivenciada da forma mais profunda no casamento, onde se conquistaria o maior potencial de crescimento, aprendendo a transcender a própria individualidade.

Entendemos, então, que esta atração existiria, pois ambos anseiam por ligar-se a sua outra metade, os parceiros com quem estavam unidos, antes de serem divididos em dois.

Homens e mulheres representam as duas formas da energia Divina, os elementos masculino e feminino de uma única alma. E cada aspecto do universo como um todo se caracteriza por estas duas dimensões.

Segundo Jung, o funcionamento da psiquê, também se originaria da tensão entre estes dois polos (masculino e feminino). Isto quer dizer que temos em nossa personalidade, aspectos opostos bem definidos.

O aspecto feminino em nós é aquele que tem contato com as emoções. É ele que nutre, acolhe, cuida e doa. Quando ouvimos nossa intuição, estamos em contato com ele. Quando aceitamos fins de ciclo e renascimento, quando nos entregamos e deixamos a vida fluir, acessando nossa segurança, nos sentindo amparados.

O aspecto masculino são nossas faces mais lógicas, racionais. Com ele nos tornamos agressivos, competitivos e tomadores de decisões, independentes e líderes. É dele a responsabilidade de prover. É ele que usamos quando queremos separar o bem do mal, o certo do errado. É dele a lei, a disciplina e a ordem.

Para que homens e mulheres sejam completos, cada um deles precisa possuir ambas as energias. Ter o masculino e o feminino dentro de si.

O homem utiliza sua agressiva energia masculina para purificar o mundo material, ao passo que o papel primordial da mulher é o de utilizar sua sutil energia feminina para revelar a divindade inata em tudo que existe.

O homem “sai” à procura da divindade; a mulher absorve a divindade.

O homem fornece a semente para criar a vida; a mulher gera a vida.

D’us pede que o homem compreenda a si mesmo, no contexto de sua masculinidade, a qual incorpora seu “eu feminino”. E pede que a mulher entenda a si própria no contexto de sua feminilidade, a qual incorpora seu “eu masculino”.

Uma relação de casal saudável seria aquela onde, tanto a dimensão feminina quanto a masculina, colaboram para esta união.

É um grande desafio, alcançar a mistura apropriada de energias masculina e feminina. Às vezes, as energias distintas de homem e mulher, ao invés de se integrarem rumo a um objetivo comum, se expandem e servem apenas para separá-los…

Segundo o Talmude, “o homem e a mulher são como duas fogueiras. Quando têm D’us entre si, unem-se; quando não têm, devoram-se”.

Quando damos mais ênfase ao material do que ao espiritual, as energias, masculina e feminina começam a divergir, e a energia masculina tende a dominar. As mulheres seriam mais afetadas, pois suas forças residem mais no sublime e no sensível.

Vivemos hoje uma insatisfação feminina cada vez maior, onde as fêmeas se sentem submissas e desvalorizadas perante a sociedade e saem à luta por direitos iguais.

Mas, a verdadeira liberação da mulher não significa buscar a igualdade dentro de um mundo masculino. Significa, sim, liberar os aspectos femininos, Divinos, da personalidade e utilizá-los em benefício da humanidade. Com sua sensibilidade espiritual muito mais aflorada, ela ajudaria a reintroduzir valores como a humildade, a benevolência, a paz entre os homens.

A resposta sadia, então, seria o reconhecimento e a apreciação das personalidades inatas, de homens e mulheres como metades que se complementam, se unem, fazendo parte da mesma ALMA DIVINA.

“Os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam”. (Paulo Coelho)

One thought on “Entre homens e mulheres (ensaios sobre a vida)

  • Joseph M. El-Mann

    Adorei o texto, parabéns a autora Mary kirchbaum.

    Resposta

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